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Um MarCO Para os Pequenos Exploradores Espaciais

Vinte anos atrás, CubeSats, uma classe de satélites pequenos, do tamanho de uma caixa de sapato, eram usados nas universidades, apenas como uma ferramenta de ensino. Mais simples, menores e mais baratos do que os satélites tradicionais, eles fizeram com que o espaço ficasse mais acessível para empresas privadas e agências científicas.

A NASA recentemente lançou os primeiros dois CubeSats de próxima geração no espaço profundo. Atualmente eles estão a caminho de Marte viajando junto com o lander InSight. Essa turma, já passou da metade do caminho na sua jornada até o Planeta Vermelho.

A mini-missão, chamada de Mars Cube One, ou MarCO, já provou que essa classe de pequenas sondas espaciais podem sobreviver ao ambiente do espaço profundo. A próxima etapa será testar o uso de uma tecnologia de comunicação miniaturizada para fazer o relay dos dados quando a InSight tentar pousar em Marte, em Novembro de 2018. Fazer essa retransmissão de dados durante o pouso é um dos trabalhos dos módulos orbitais da NASA, que irão registrar a descida da InSight, e com isso os engenheiros podem aprender cada vez mais como é pousar em Marte. A missão MarCO irá testar se essa tecnologia pode realizar esse trabalho de retransmissão de dados para futuras missões.

Para completar a sua missão, os MarCOs possuem uma antena de alto ganho em miniatura e rádios que podem se comunicar com a Terra, a centenas de milhões de quilômetros de distância. Seu sistema de propulsão é capaz de guiar os pequenos satélites em direção a Marte, cada um já completou sua segunda manobra em Agosto de 2018. Eles possuem também câmeras coloridas, e farão a primeira imagem da Terra e da Lua de um CubeSat, provando assim o que essa nova tecnologia pode realmente fazer.

A missão MarCO ainda é experimental. Isso significa que o objetivo dela é demonstrar que a tecnologia pode toda ser reduzida a um pequeno pacote e ainda assim se mostrar útil no espaço profundo. E mesmo que os CubeSats nunca competirão com sondas mais complexas e maiores que normalmente voam pelo espaço, a missão MarCO é pioneira em uma nova classe de exploração robótica.

“Nossa esperança é que uma missão como a MarCO possa ajudar a democratizar o espaço”, disse Jakob Van Zyl, diretor do Solar System Exploration Directorate no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena na Califórnia. “A tecnologia é barata o suficiente que você poderia ter no espaço países que jamais teriam condições de ter grandes espaçonaves, até mesmo universidades”. Será Brasil?

O JPL iniciou e construiu o MarCO, apenas como um de alguns projetos de CubeSats do laboratório. O JPL é um local natural para abrigar os CubeSats. O laboratório construiu o primeiro satélite dos EUA, o Explorer 1, que descobriu os cinturões de radiação de Van Allen, em 1958. Não muito diferente de um CubeSat, ele era uma espaçonave pequena e rudimentar.

Mais tarde, o JPL construiu o mini-rover chamado de Sojourner que deu seus passos em Marte em 1997 e abriu o caminho para os rovers maiores como o Spirit, o Opportunity e o Curiosity.

Na maior parte das vezes, uma inovação começa com uma prova de tecnologia, disse Van Zyl. Uma vez que os engenheiros conseguem provar que uma determinada coisa pode ser feita, as missões científicas seguem o curso natural.

“Quando falamos de inovação, a missão MarCO está na mesma classe do Explorer 1 e do Sojourner”, disse Van Zyl. “A questão é: nós podemos usar os CubeSats para fazer mais ciência? Não todo tipo de ciência, pois eles têm uma limitação para carregar instrumentos. Mas essa tecnologia cria um veículo para as pessoas fazerem ciência com um investimento bem mais baixo”.

A NASA já está compromissada para responder a pergunta. Thomas Zurbuchen, administrador associado do Science Mission Directorate da agência, é um defensor dos CubeSats, no mês passado ele anunciou que a NASA irá financiar missões científicas de SmallSat, num valor de 100 milhões de dólares por ano.

A missão MarCO já pavimentou o caminho para a futura exploração espacial com pequenas naves.

“Quase todas as características da MarCO estão sendo adaptadas para usar em futuras missões espaciais”, disse John Baker, o gerente de programa responsável pelas pequenas naves espaciais no JPL. “E muitas partes começaram com um produto de parceiros comerciais e foram então modificadas”.

O papel de parceiros comerciais do MarCO não pode ser exagerado. Seus painéis solares, câmeras, aviônica, sistemas de propulsão, e sistemas de controle de altitude foram todos fornecidos por parceiros comerciais. Uma vantagem dos CubeSats é que eles podem usar partes padronizadas e sistemas também, permitindo assim que empresas privadas possam baixar o preço dessa nova tecnologia. Sondas de custo mais baixo significa também que os engenheiros podem assumir mais riscos, testando essa tecnologia no espaço.

Van Zyl, disse que o principal objetivo da missão MarCO foi provar que os CubeSats podem sobreviver ao terrível ambiente do espaço profundo durante uma viagem. A equipe da missão já pode colocar dar um check nesse item da lista.

Eles já estão focados no seu próximo objetivo. Marte está apenas a 110 milhões de quilômetros de distância.

Para mais informações sobre a missão MarCO, visite:

https://www.jpl.nasa.gov/cubesat/missions/marco.php

Fonte:

https://www.jpl.nasa.gov/news/news.php?feature=7235

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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