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São Só Evidências (Indiretas) – Mas a Descoberta Da MRO Em Marte É Espetacular!!!

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Novas descobertas feitas pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter, a MRO, da NASA fornecem FORTES EVIDÊNICAS de que existe água líquida fluindo atualmente na superfície de Marte. Prestem atenção, não foi detectada água em Marte, não foi, o que foram detectadas foram indicações indiretas de que determinadas feições na superfície marciana podem ser causadas por água fluindo atualmente em sua superfície.

Ah, mas por que isso resolve um grande mistério? Pois, depois de muitas análises, do desenvolvimento de novos algoritmos de análise de imagens e de dados espectrométricos os cientistas puderam definir que as marcas escuras encontradas nos taludes de determinadas crateras podem ser causadas por água salgada fluindo na superfície. Essas marcas já foram identificadas há muitos anos, mas agora, com essas novas técnicas foi possível chegar a essa conclusão.

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Usando um espectrômetro de imageamento, a bordo da sonda MRO, os pesquisadores detectaram assinaturas de minerais hidratados nos taludes onde misteriosas listras são vistas no Planeta Vermelho. Essas listras escurecidas aparecem como fluxos e refluxos no passar do tempo. Elas se escurecem e parecem fluir pelos íngremes taludes durante as estações mais quentes, e então se apagam nas estações mais frias. Elas aparecem em alguns locais em Marte quando as temperaturas estão acima de -23 graus Celsius, e desaparecem em épocas mais frias.

“Nossa missão em Marte tem sido seguir a água, em nossa pesquisa por vida no universo, e agora nós temos ciência convincentes que valida o que nós suspeitávamos a algum tempo”, disse John Grunsfeld, astronauta e administrador associado do Science Mission Directorate da NASA em Washington. “Esse representa um desenvolvimento significante, já que ele aparentemente confirma que a água, embora salobra, está fluindo atualmente na superfície de Marte”.

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Esses fluxos encontrados em taludes, conhecidos como Linhas Recorrentes de Talude, ou RSL, algumas vezes têm sido descritas como sendo possivelmente relacionadas com água líquida. As novas descobertas de sais hidratados nos taludes apontam para uma relação com essas feições escuras. Os sais hidratados abaixariam o ponto de congelamento da água salgada, do mesmo modo que nos países que nevam se joga sal nas estradas e calçadas para que a neve e o gelo derretam mais rapidamente. Os cientistas dizem que é provavelmente um fluxo na subsuperfície rasa, com água suficiente para atingir a superfície e explicar o escurecimento das linhas.

“Nós só encontramos os sais hidratados quando as feições sazonais estavam mais alargadas, o que sugere que as próprias linhas escuras ou um processo que as forma é a fonte da hidratação. Em ambos os casos, a detecção de sais hidratados nesses taludes significa que a água tem um papel vital na formação das linhas”, disse Lujendra Ojha, do Instituto de Tecnologia da Georgia, o Georgia Tech, em Atlanta, e principal autor do artigo que descreve as descobertas e que foi publicado na edição de 28 de Setembro da revista Nature Geoscience e que você pode ler na íntegra no final desse post.

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Ojha, notou pela primeira vez essas feições quando era estudante na Universidade do Arizona em 2010, usando imagens obtidas pela câmera High Resolution Imaging Science Experiment (HiRISE) da sonda MRO. As observações feitas pela HiRISE já documentaram até o momento dezenas de locais onde existem os chamados RSL em Marte. O novo estudo compara as observações feitas com a HiRISE com o mapeamento mineral feito por outro instrumento da MRO, o Compact Reconnaissance Imaging Spectrometer for Mars (CRISM).

As observações espectrométricas mostram assinaturas de sais hidratados em múltiplos locais onde estão presentes os RSLs, mas somente quando a feição se apresenta de forma relativamente larga. Quando os pesquisadores observam a mesma região e os RSLs não são extensos, eles não detectam sais hidratados.

Ojha e seus coautores, interpretaram as assinaturas espectrais como sendo causadas por minerais hidratados chamados de percloratos. Os sais hidratados mais consistentes com as assinaturas químicas são provavelmente constituídos de uma mistura de perclorato magnésio, clorato de magnésio e perclorato de sódio. Alguns percloratos se mostram líquidos mesmo quando as temperaturas atingem -70 graus Celsius. Na Terra, percloratos naturalmente produzidos estão concentrados em regiões desérticas e alguns tipos de percloratos podem ser usados como propelente de foguetes.

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Os percloratos já haviam sido identificados em Marte. O módulo da NASA Phoenix e o rover Curiosity encontraram os percloratos no solo do planeta, e alguns cientistas acreditam que as missões Viking, na década de 1970 mediram assinaturas desses sais. Contudo, esse estudo dos RSLs detectou percloratos, agora na forma hidratada, em diferentes áreas além daquelas exploradas pelos rovers. Essa também é a primeira vez que os percloratos são identificados da órbita de Marte.

A MRO tem examinado Marte desde 2006, com seis instrumentos científicos.

“A habilidade da sonda MRO de observar por múltipolos anos, o planeta Marte, com um instrumental capaz de ver detalhes finos dessas feições tem permitido descobertas como essa: primeiro identificando as misteriosas linhas sazonais e agora dando um grande passo em direção a explicar o que elas são”, disse Rich Zurek, cientista de projeto da MRO no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena na Califórnia.

Para Ojha, as novas descobertas são mais uma prova de que as linhas misteriosas que ele viu pela primeira vez escurecendo os taludes de Marte, a cinco anos atrás, são, na verdade, água atual em Marte.

“Quando a maioria das pessoas falam sobre água em Marte, elas estão normalmente falando de água antiga ou água congelada”, disse ele. “Agora nós sabemos que existe mais do que isso. Essa é a primeira detecção espectral que suporta a nossa hipótese de formação de água líquida para os RSLs”.

A descoberta é a mais recente de várias grandes descobertas feitas pelas missões da NASA em Marte.

“Foi preciso múltiplas sondas no decorrer de muitos anos, para resolver esse mistério, e agora, nós sabemos que existe água líquida na superfície do planeta frio e deserto”, disse Michael Meyer, principal cientista para o Mars Exploration Program da NASA na sede da agência em Washington. “Aparentemente quando mais estudamos Marte, mais nós aprendemos sobre como a vida poderia ser suportada e onde existem os recursos necessários para suportar a vida no futuro”.

Existem 8 colaborados no artigo da NAture Geoscience, incluindo, Mary Beth Wilhelm, do Ames Research Center da NASA em Moffett Field, na Califórnia, e da Georgia Tech, Scott Murchie, o principal pesquisador do CRISM do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, em Laurel Maryland, e o principal pesquisador da HiRISE, Alfred McEwen do Laboratório Lunar e Planetário da Universidade do Arizona, em Tucson, Arizona. Os outros são da Georgia Tech, do Southwest Research Institute em Boulder, no Colorado, e do Laboratoire de Planétologie et Géodynamique em Nantes, Na França.

O Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, o JPL, em Pasadena na Califórnia, gerencia o Mars Reconnaissance Orbiter Project para o Science Mission Directorate da NASA em Washington. A empresa Lockheed Martin construiu a sonda e colabora com o JPL, na sua operação.

Mais informações sobre a jornada da NASA para Marte, está disponível, em:

https://www.nasa.gov/topics/journeytomars

Para mais informações sobre a Mars Reconnaissance Orbiter, visite:

http://www.nasa.gov/mro

Fonte:

https://www.nasa.gov/press-release/nasa-confirms-evidence-that-liquid-water-flows-on-today-s-mars

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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