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Planetas Podem se Rejuvenescer Ao Redor de Estrelas Mortas?

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Para um planeta, isso seria como um dia num spa. Depois de anos de envelhecimento, um planeta massivo poderia, em teoria, brilhar radiante e jovem. Planetas rejuvenescidos, como são chamados, são somente hipotéticos. Mas uma nova pesquisa feita com o Telescópio Spitzer da NASA tem identificado um candidato, que parece ser bilhões de anos mais jovem do que sua idade verdadeira.

“Quando os planetas são jovens, eles ainda brilham com a luz infravermelha de sua formação”, disse Michael Jura da UCLA, coautor de um artigo que apresenta os resultados e que foi publicado na edição de 10 de Junho de 2015 do Astrophysical Journal Letters. “Mas, à medida que eles se tornam mais velhos e mais frios, você não pode mais vê-los. Planetas rejuvenescidos seriam visíveis novamente”.

Como um planeta pode recuperar a essência da sua juventude? Anos atrás, os astrônomos previram que alguns planetas massivos parecidos com Júpiter poderiam acumular massa de suas estrelas moribundas. À medida que estrelas como o Sol, envelhecem, elas se tornam gigantes vermelhas e então gradativamente perdem cerca de metade ou mais de sua massa, encolhendo em esqueletos de estrelas, chamadas de anãs brancas. As estrelas moribundas, sopram ventos de material que poderiam cair nos planetas gigantes que podem estar orbitando as partes mais externas do sistema estelar.

Assim, um planeta gigante poderia ganhar massa, e aquecer devido a fricção do material em queda. Esse planeta mais velho, que esfriou por bilhões de anos, novamente irradiaria seu calor, num brilho infravermelho.

O novo estudo descreve uma estrela morta, ou anã branca, chamada PG 0010+280. Um estudante de graduação no projeto, Blake Pantoja, então na UCLA , descobriu a luz infravermelha inesperada ao redor dessa estrela, enquanto vasculhava os dados do satélite Wide-field Infrared Survey Explorer, ou WISE, da NASA. Pesquisas seguintes os levaram para observações feitas pelo Spitzer da estrela em 2006, que também mostraram o excesso da luz infravermelha.

Num primeiro momento, a equipe pensou que a luz infravermelha extra provavelmente vinha de um disco de material ao redor da anã branca. Na última década, mais e mais discos ao redor dessas estrelas mortas foram descobertos – por volta de 40 até agora. Acredita-se que os discos tenham se formado quando asteroides passaram muito perto da anã branca, se rompendo devido à intensa força gravitacional da estrela.

Outras evidências para as anãs brancas rompendo asteroides, veem de observações de elementos nas anãs brancas. Anãs brancas deveriam conter somente hidrogênio e hélio em suas atmosferas, mas os pesquisadores encontraram sinais de elementos mais pesados – como oxigênio, magnésio, sílica e ferro – em cerca de 100 sistemas até o momento. Acredita-se que os elementos vieram dos asteroides, que quando rompidos poluíram a atmosfera das anãs brancas.

Mas os dados do Spitzer para a anã branca PG 0010+280, não se ajustam bem com os modelos de discos de asteroides, levando a equipe a olhar outras possibilidades. Talvez, a luz infravermelha vinda de uma estrela companheira menor, de um tipo conhecido como uma estrela que falhou, uma anã marrom – ou mais intrigante ainda, de um planeta rejuvenescido.

“Eu achei a parte mais interessante dessa pesquisa é que essa radiação infravermelha em excesso poderia potencialmente vir de um planeta gigante, apesar de precisarmos de mais pesquisa para provar isso”, disse Siyi Xu da UCLA e do ESO na Alemanha. “Se confirmado, isso poderia nos dizer diretamente que alguns planetas poderiam sobreviver ao estágio de gigante vermelha das estrelas e estar presentes ao redor de anãs brancas”.

No futuro, o Telescópio Espacial James Webb da NASA poderá possivelmente ajudar a distinguir entre o brilho do disco ou o brilho de um planeta ao redor de uma estrela morta, resolvendo assim o mistério. Mas, por enquanto, a pesquisa por planetas rejuvenescidos – da mesma forma que a pesquisa para a fonte de juventude humana – persiste.

O JPL gerencia a missão do Telescópio Espacial Spitzer para o Science Mission Directorate da NASA em Washington. As operações de ciência são conduzidas no Spitzer Science Center no Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena. As operações da sonda são baseadas no Lockheed Martin Space Systems Company, em Denver, no Colorado. Os dados são arquivados no Infrared Science Archive, no Infrared Processing and Analysis Center no Caltech. O Calctech gerencia o JPL para a NASA.

Para mais informações sobre o Spitzer, visite:

http://spitzer.caltech.edu

http://www.nasa.gov/spitzer

Fonte:

http://www.jpl.nasa.gov/news/news.php?feature=4639

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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