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O Mistério do 1E 161.348-5055

O Mistério do magnetar 1E 161.348-5055

    Por Felipe Freires

Os astrônomos observaram um objeto que tem dentro do SNR RCW 103, que é o 1E 161.348-5055, e ficaram na dúvida se é uma estrela de nêutrons pulsar, se é um magnetar ou outro objeto. No dia 22 de Junho de 2016, o Burst Alert Telescope (BAT) a bordo do Swift, detectou uma rajada de raios-X proveniente do 1E 161.348-5055. Os astrônomos relataram sobre as observações que fizeram do pico dessa explosão com o Chandra, Swift e NuSTAR. Eles também estudaram a história desse objeto durante anos (de 1999 até 2016). As propriedades de emissão desse objeto indicam que ele é um magnetar, mas, o objeto tem um período de rotação de 6,67 horas, o que parece ser uma estrela de nêutrons, sendo o pulsar mais lento já descoberto.

O objeto central compacto (CCO- sigla em Inglês) 1E 161.348-5055 era uma fonte misteriosa durante décadas. Várias teorias foram elaboradas por esse CCO ter uma rotação muito lenta, teorias que “diziam” que ele é um magnetar que gira lentamente, entre outras teorias, porém, muitos dos modelos eram simples, e não explicavam as propriedades dessa fonte que foi detectada. (Garmire et al 2000;. De Luca et al. 2006, 2008; Li 2007; Pizzolato et ai. 2008; Bhadkamkar & Ghosh 2009; Esposito et al. 2011; Liu et al. 2015; Popov, Kaurov & Kaminker 2015).

O Telescópio Swift tem tido monitorado o 1E 161.348-5055 quase mensalmente, algo que começou em Abril do ano de 2006 (Esposito et al. 2011). A última observação que o Swift fez do 1E 161.348-5055 foi de 1:30-1:42 horas UTC (em 22 de Junho de 2016), e nessa explosão, foi observada uma taxa de fluxo de aproximadamente 1.2 x 10^(-10) erg  cm^(-2) s^(-1), diferente do dia 16 de Maio de 2016 (de 13:47-15:47 horas UTC), que teve uma taxa de fluxo baixa em relação a observada no dia 22 de Junho de 2016. O Swift realizou processamentos e análises habituais utilizando software (trigger 700791, obs.ID 00700791000).

Os astrônomos também usaram o observatório Chandra da NASA para observar essas rajadas que o Swift observou, e eles fizeram isso de 09:20 até às 22:00 horas UTC no dia 25 de Junho de 2016. Eles analisaram os dados obtidos pelo Chandra durante as observações e analisaram outras observações desse objeto feitas pelo Chandra, incluindo observações desde 1999. (Frank, Burrows & Park 2015).

O observatório NuSTAR também observou esse objeto, e suas observações duraram horas dos dias 25 e 26 de Junho de 2016, posteriormente, os dados foram processados pelo Software de análise de dados do NuSTAR, que é conhecido como NuSTARDAS, em sua versão 1.6.0.

Foram reanalisados os dados obtidos pelo Chandra e pelo NuSTAR para saberem mais do 1E 161.348-5055, dados que incluem duas explosões dos últimos ~ 17 anos. Esse objeto é misterioso por ter uma rotação muito lenta, e por isso, os astrônomos duvidaram se o 1E 161.348-5055 é realmente uma estrela de nêutrons magnetar. Depois de analisarem os dados, esse objeto misterioso foi validado como o 30º magnetar descoberto, porém, com um longo período orbital. Esse objeto tem um período de rotação muito lento em relação ao período de rotação dos magnetares mais lentos que foram descobertos. Para termos uma ideia, os magnetares mais lentos giram em torno de uma vez a cada 10 segundos. O fato dele se tornar o 30º magnetar descoberto não significa que o mistério de sua rotação lenta não foi resolvido, pois esse mistério continua.

Os astrônomos esperavam que esse magnetar girasse com uma velocidade considerável após o seu nascimento, posteriormente, esse magnetar se envelheceu, perdendo sua velocidade de rotação. Entretanto, os investigadores estimaram que 1E 161.348-5055 têm cerca de 2000 anos de idade, tempo que não dá para o mangnetar diminuir seu período de rotação a ponto de girar a cada 6,67 horas.

Enquanto os astrônomos não encontraram respostas para o mistério desse magnetar, eles têm ideias, sendo a mais plausível a hipótese que parte da estrela que explodiu voltou para as “linhas do campo magnético” dessa estrela de nêutrons, fazendo-a girar lentamente. Para os astrônomos descobrirem esse mistério, eles irão estudar os magnetares mais lentos que descobriram.

Fontes: http://www.nasa.gov/mission_pages/chandra/young-magnetar-likely-the-slowest-pulsar-ever-detected.html

http://chandra.harvard.edu/photo/2016/rcw103/

Artigo: http://lanl.arxiv.org/pdf/1607.04107v2

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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