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O Interessante Caso da Reversão de Tensão no Mar da Tranquilidade na Lua

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observatory_150105A imagem de hoje, dia 3 de Janeiro de 2013, em destaque no site da sonda LRO da NASA mostra a impressionante intersecção de uma cadeia dobrada com tendência nordeste e um graben com tendência noroeste, ambas as feições encontradas no Mare Tranquilitatis. A intersecção propriamente dita localiza-se nas coordenadas 8.795ºN e 26.620ºE. Essa justaposição de estruturas indica que a área foi estendida na direção NE-SW separando a superfície e formando o graben. Mais tarde, essa região foi comprimida ao longo da direção NW-SE empurrando a superfície e formando assim a cadeia dobrada. Tensões estruturais na crosta nem sempre são simples. Outro exemplo de grande escala desse tipo de intersecção entre ambientes compressionais e extensionais  existe na parte leste do Mare Tranquilitatis na rupes e na rima de Cauchy.

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A largura da cadeia varia de aproximadamente 700 metros para mais de 2500 metros, ela tem aproximadamente entre 120 e 150 metros de altura na região adjacente ao graben. Grandes variações na largura de cadeias dobradas é algo comum de se encontrar. Nesse caso, a falha e o empurrão que formou a cadeia são interpretados como tendo um mergulho para sudeste, com base na assimetria da topografia. O lado noroeste da cadeia tem um talude íngreme e o lado sudeste tem um talude suave.

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A superfície lunar exibe uma variedade de feições tectônicas que são produzidas quando as tensões na crosta excedem a força da rocha e elas se quebram. Dependendo da magnitude da tensão, a força da rocha e a orientação da tensão, diferentes tipos de feições tectônicas são produzidas. As duas feições mais comuns na Lua são grabens e cadeias dobradas. Grabens são blocos estreitos de crosta que caíram entre duas falhas normais. Cadeias dobradas são falhas de empurrão em que uma parte da crosta rasa é empurrada sobre uma área adjacente, a parte superior da crosta é dobrada como uma anticlinal na ondulação.

Nessa localização particular, o tipo de de tensão sofreu uma reversão com o passar do tempo. Primeiro existia uma extensão na direção nordeste-sudoeste que produziu o graben, que tem aproximadamente entre 500 e 700 metros de largura e se estende por mais de 50 km para noroeste. Mais tarde, a crosta foi comprimida ao longo da direção noroeste sudeste que resultou na cadeia dobrada. Essa cadeia é parte de um sistema de cadeias dobradas que se estende para sudoeste desde uma cadeia formada por material mais velho exposto de terras altas, por aproximadamente 30 km para nordeste.

A imagem abaixo mostra as direções das tensões associadas com o graben e com a cadeia dobrada. As setas vermelhas denotam a força tensional que produziu o graben, e as setas azuis denotam a força compressional que resultou na formação da cadeia dobrada. O que causou a reversão no regime de tensão e quando isso aconteceu, são ainda questões que precisam ser explicadas.

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Fonte:

http://lroc.sese.asu.edu/news/index.php?/archives/596-Up-and-Down-Back-and-Forth.html

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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