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NASA Está Considerando Cortar Orçamento dos Telescópios Espaciais Hubble e Chandra

A NASA, reconhecida por suas contribuições inestimáveis ao campo da astrofísica, enfrenta atualmente desafios financeiros significativos. Em uma apresentação recente ao Comitê de Astronomia e Astrofísica da National Academies, realizada em 13 de outubro, Mark Clampin, diretor da divisão de astrofísica da NASA, destacou a necessidade de reavaliar os orçamentos de dois dos mais emblemáticos telescópios espaciais: o Observatório de Raios-X Chandra e o Telescópio Espacial Hubble.

Estes telescópios, lançados em 1999 e 1990, respectivamente, têm sido pilares na pesquisa astronômica. No entanto, com o passar dos anos, começaram a apresentar desafios operacionais. O Chandra, por exemplo, enfrenta problemas com a degradação do isolamento, o que tem aquecido a espaçonave e complicado suas operações. Por outro lado, o Hubble, apesar de não apresentar os mesmos problemas que o Chandra, tem um custo operacional significativo, representando uma parcela considerável do orçamento de astrofísica da NASA.

A motivação para a reavaliação dos orçamentos destes telescópios não é apenas técnica, mas também financeira. Clampin mencionou que a divisão de astrofísica provavelmente não receberá o montante total solicitado de $1,56 bilhões para o ano fiscal de 2024. Isso se deve a uma legislação recente que limita os gastos discricionários não relacionados à defesa para 2024 aos níveis de 2023, prevendo apenas um aumento de 1% para 2025. Diante deste cenário, a NASA está sendo forçada a tomar decisões difíceis para garantir o melhor uso dos fundos disponíveis.

Os telescópios Chandra e Hubble, apesar de suas inegáveis contribuições ao campo da astronomia, são atualmente os mais caros de operar, ficando atrás apenas do Telescópio Espacial James Webb. Juntos, eles representam mais de 10% do pedido de orçamento da NASA para astrofísica para o ano fiscal de 2024. Dada a sua idade e os desafios operacionais crescentes, Clampin sugeriu que talvez seja hora de reavaliar a alocação de recursos para essas missões.

No entanto, é importante notar que qualquer economia resultante de possíveis cortes no orçamento destes telescópios não será simplesmente eliminada. Em vez disso, os fundos seriam redirecionados para outras prioridades em astrofísica. Clampin enfatizou a importância de proteger missões futuras e em desenvolvimento, bem como parcerias internacionais. Entre as missões mencionadas estavam o Telescópio Espacial Nancy Grace Roman, missões astrofísicas da classe Explorer e a participação da NASA em missões lideradas por outras nações, como o observatório de ondas gravitacionais LISA da ESA e o observatório ultravioleta Ultrasat de Israel.

Além disso, Clampin expressou o desejo de proteger o trabalho inicial no Observatório de Mundos Habitáveis, a próxima grande missão astrofísica após o Roman, prevista para ser lançada na década de 2040. Esta missão tem como objetivo estudar mundos potencialmente habitáveis e é considerada fundamental para o avanço da astrofísica. Para garantir seu sucesso, Clampin mencionou a necessidade de convocar propostas para desenvolver tecnologias-chave para este telescópio e financiar equipes que estudam tópicos científicos e tecnológicos para ele.

No entanto, os desafios financeiros não se limitam apenas aos telescópios Chandra e Hubble. A NASA também está considerando reduções em outras missões operacionais e em gastos com desenvolvimento tecnológico. Clampin alertou que, dada a atual paisagem financeira e as notícias diárias, é possível que as alocações orçamentárias sejam ainda menores do que os níveis de 2023, o que certamente complicaria ainda mais a situação.

Em resumo, a NASA, apesar de seu compromisso inabalável com a astrofísica, está em uma encruzilhada. As decisões tomadas agora moldarão o futuro das missões astrofísicas da agência. Embora os telescópios Chandra e Hubble tenham servido bem à comunidade científica ao longo dos anos, a realidade atual exige uma reavaliação de suas operações e custos. A direção que a NASA tomará impactará significativamente a pesquisa em astrofísica nas próximas décadas.

Fonte:

https://spacenews.com/nasa-considering-budget-cuts-for-hubble-and-chandra-space-telescopes/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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