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12 de dezembro de 2024

Mundos de água: nosso planeta e além

Por Yara Laiz Souza

Água é vida em todos os sentidos. Aqui na Terra representa o nosso tipo de vida (baseado em carbono) e ajudou a estampar um pouco da história do nosso planeta em marcas deixadas em pedras e em vestígios diversos em vários locais. Aos poucos, estamos entendendo que a geração de água tanto em molécula quanto vapor, gelo e líquido é uma característica mais comum do que imaginamos no Universo.

A família dos mundos com oceanos é bastante diversificada e a história da água no Universo é a chave para entender a sua importância para o nosso mundo e para todos os locais ainda não explorados no Cosmos.

De onde vem a água?

A água é H2O (dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio). Hidrogênio foi criado durante o Big Bang e o oxigênio foi criado no núcleo de estrelas supermassivas que, um dia, espalharam oxigênio e outros átomos por todo o Universo.

Nos berçários estrelares da nossa galáxia, água na forma gasosa é facilmente encontrada. O Telescópio Espacial Hubble, da NASA, encontrou moléculas de água na nebulosa de Helix. A origem dos oceanos na Terra e além é estrelar

Na nebulosa de Órion ainda há água em formação. Tanto que, diariamente, ela produz quantidade suficiente para encher os nossos oceanos 60 vezes.

Em Beta Pictoris, uma estrela cerca de oito vezes mais brilhante que o nosso Sol, moléculas de água foram detectadas no disco de acreção ao redor da estrela onde gás e poeira brigam por espaço com cometas, asteróides e planetesimais.

Como a água chegou à Terra?

Assim como a receita de uma comida, as sobras da formação de um sistema solar são os asteróides. Asteróides são ricos em moléculas de água além de guardarem todos os segredos da formação dos sistemas solares.

Durante a juventude, a Terra foi bombardeada constantemente por asteróides que carregavam muitas moléculas de água. Ao encontrar um ambiente propício, as moléculas ganharam o planeta e fizeram seu ciclo natural sendo imprescindível para o surgimento de vida por aqui.

Como os oceanos na Terra são monitorados?

A NASA conta com programas de monitoramento via satélite e pesquisa de campo para entender a dinâmica dos oceanos e as ameaças constantes que sofrem por conta do aquecimento global, crescimento de metrópoles e poluição.

Para monitorar a água na Terra, que corresponde a 71% da formação do planeta, existe o NASA’s MODIS Instruments que, através de imagens, consegue identificar derretimentos de geleiras, aumento da quantidade de água dos oceanos, grandes manchas de poluição e até alguns desastres ambientais envolvendo a água.

Dos 326 milhões de trilhões de litros de água na Terra, 96,5 % estão nos oceanos. O aumento do nível dos oceanos acarreta em prejuízo para todos os seres vivos desde animais a plantas. O Jason TOPEX Sea Surface da NASA monitora o aumento do nível do mar mediante o aumento do aquecimento global.

Atualmente, os mares sobem cerca de 0,13 polegadas por ano. A camada de gelo da Groelândia derrete cerca de 287 bilhões de toneladas por ano e a camada de gelo da Antártica perde 134 bilhões de toneladas por ano. Ambos são fatores preocupantes para o aumento do nível dos mares.

Além de estar massivamente presente na Terra, os oceanos abrigam uma grande quantidade de vida em seu interior. O Sea WIFS Global Biosphere da NASA monitora os sinais que a vida oceânica deixa na água e, através disso, estuda mais sobre sua dinâmica.

Os oceanos perdidos

Vênus há muito tempo atrás pode ter sido o primeiro mundo do nosso Sistema Solar a ter um oceano. Porém, o ambiente não foi protegido por conta da falta de um campo magnético. Um efeito estufa absurdo fez com que a água evaporasse e o planeta se tornasse um verdadeiro inferno.

Pesquisas atuais mostram que Marte já foi muito semelhante a Terra. Ultimamente, sinais da presença de água no planeta são cada vez mais freqüentes e tudo mostra um planeta cheio de água e de possibilidades de vida no passado do planeta vermelho. A falta de um campo magnético eficiente desestabilizou a atmosfera que, hoje em dia, perde 400 kg de gás por hora durante uma tempestade solar.

Os oceanos do Sistema Solar

Em Europa, lua de Júpiter, cientistas suspeitam que haja um oceano salgado debaixo de sua superfície. Acredita-se que o efeito de maré causado por Júpiter possa manter essa água em estado líquido. Outra lua de Júpiter, Ganimedes, a maior lua do nosso Sistema Solar e a única com um campo magnético próprio, também carrega indícios de água salgada em seu interior. Calisto, também lua de Júpiter, tem uma camada de gelo de aproximadamente 200 km que cientistas ponderam ser feito de gelo de água.

Encelados, lua de Saturno, é um grande candidato a ter um reservatório de água a 10 km de sua superfície. Titã, também lua de Saturno, pode abrigar um oceano semelhante ao Mar Morto. Mimas, segundo cientistas, pode estar abrigando um oceano de água salgada a cerca de 30 km de sua superfície.

Tritão, lua de Netuno, expele gás nitrogênio de suas frestas e isso a torna a lua mais ativa do nosso Sistema Solar. Suas características geográficas apontam para a existência de um oceano subterrâneo.

O anão Plutão, com suas gigantescas montanhas de gelo de água, também pode esconder um oceano subterrâneo como um complemento de sua intensa atividade geográfica.

Oceanos além do Sistema Solar

O exoplaneta HAT-P-11b foi detectado com vapor de água. O exoplaneta é do tamanho de Netuno e está a 120 anos-luz de distância de nós.

Kepler – 22b foi o primeiro exoplaneta confirmado em uma zona habitável de estrela. Por conta disso, há grandes chances do exoplaneta abrigar água líquida em sua superfície. Kepler – 22b é uma super-Terra, sendo 2,4 vezes maior que o nosso planeta.

Kepler – 452b é um exoplaneta um pouco maior que a Terra e está na zona habitável de uma estrela semelhante a nossa. Tem uma órbita de 385 dias além de ser mais velho que o nosso Sistema Solar. Também é um grande candidato a ter água liquida em sua superfície.

Kepler – 62 é um sistema de cinco planetas em que dois deles, Kepler – 62f e  Kepler – 62e estão na zona habitável da estrela mãe. Os dois são potencialmente mundos com oceanos de água líquida.

 

Referências:

http://www.nasa.gov/specials/ocean-worlds/

https://www.nasa.gov/missions/

 

 

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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