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Instrumentos do Philae Indicam Que Módulo Pousou Em Camada de Gelo Coberta de Poeira


ESA_Rosetta_Philae_MUPUS


observatory_15010541Antes de entrar em estado de hibernação nas primeiras horas do dia 15 de Novembro de 2014, o módulo Philae foi capaz de conduzir experimentos e mandar os dados para a Terra. Nesse post algumas análises preliminares conduzidas pelo instrumento Multi-Purpose Sensors for Surface and Subsurface Science Instrument, ou MUPUS, são apresentadas.

O MUPUS começou a observar o ambiente ao redor do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, uma vez que o Philae foi lançado da sonda Rosetta às 08:35 GMT do dia 12 de Novembro de 2014.

O primeiro toque registrado pelo Philae, ocorreu às 15:34 GMT, mas como os arpões não funcionaram para prender o módulo no cometa, o Philae subsequentemente quicou na superfície do cometa, e experimentou outros dois toques, um as 17:25 GMT, e outro as 17:32 GMT, respectivamente.

Pelo fato de parte do pacote de instrumentos do MUPUS estar contido nos arpões, alguns dados de temperatura e de acelerômetro não puderam ser adquiridos. Contudo, o mapeador térmico do MUPUS, localizado no corpo do módulo, funcionou durante a descida e durante os três toques do módulo na superfície do cometa.

No ponto final de parada do Philae, o MUPUS registrou uma temperatura de -153º C, perto do solo, no deck do Philae, antes do instrumento ter sido lançado. Então, depois de ser lançado, os sensores perto da ponta esfriaram  por cerca de 10º C por um período de cerca de meia hora.

“Nós achamos que isso se deve à transferência radiativa do calor para o frio perto da parede vista nas imagens do CIVA, ou devido a sonda ter sido empurrada numa pilha de poeira fria”, disse Jörg Knollenberg, cientista para o instrumento MUPUS no DLR.

O sensor então começou a martelar com o objetivo de investigar a subsuperfície do cometa, mas foi incapaz de perfurar mais do que poucos milímetros mesmo no momento de mais alto nível de energia do motor do martelo.

“Se nós compararmos os dados com as medidas de laboratório, nós achamos que a sonda encontrou uma superfície dura com muita resistência comparável a um gelo sólido”, disse Tilman Spohn, pesquisador principal do MUPUS.

Observando os resultados do mapeador térmico e da sonda juntos, a equipe fez o acesso preliminar às camadas superiores da superfície do cometa que consiste de poeira com espessura entre 10 a 20 cm, cobrindo mecanicamente gelo forte, ou gelo e misturas de poeira.

Em grandes profundidades, o gelo provavelmente torna-se mais poroso, como a baixa densidade do núcleo, determinada pelos instrumentos do módulo orbital Rosetta, sugere.

Olhando para o futuro, disse Tilman Spohn, “O MUPUS poderá ser usado novamente se nós tivermos energia suficiente. Então nós poderíamos realizar observações diretas das camadas onde a sonda está e ver como elas se desenvolvem, à medida que o cometa se aproxima do Sol”.

Enquanto as análises completas dos dados obtidos durante os múltiplos toques do Philae com a superfície do cometa ainda estão sendo realizadas, o módulo orbital Rosetta continua sua missão científica no cometa 67P/C-G. No próximo ano, a Rosetta seguirá o cometa, à medida que ele se aproxima do Sol, observando como a superfície e o ambiente ao redor do objeto se desenvolve.

A sonda térmica do MUPUS foi desenvolvida originalmente no Instituto de Planetologia da Universidade de Münster junto com o Centro de Pesquisa Espacial de Varsóvia e outros parceiros internacional. Ele é mantido e operado por uma equipe internacional liderada pelo Instituto DLR de Pesquisa Planetária de Berlin.

Fonte:

http://blogs.esa.int/rosetta/2014/11/18/philae-settles-in-dust-covered-ice/


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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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