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Hubble Descobre Vapor D’Água Sendo Expelido da Lua Europa de Júpiter

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observatory_150105O Telescópio Espacial Hubble das Agências Espaciais NASA e ESA descobriu vapor d’água sendo expelido da frígida superfície da lua Europa de Júpiter, em uma ou mais plumas localizadas perto do seu polo sul.

Já acredita-se que Europa tenha um oceano líquido abaixo de sua crosta congelada fazendo dessa lua um dos principais alvos na busca por mundos habitáveis além da Terra. Essa nova descoberta é a primeira evidência observacional de vapor d’água sendo ejetado da superfície da lua.

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“A descoberta de que vapor d’água está sendo ejetado perto do polo sul fortalece a posição de Europa como o principal candidato para uma potencial habitabilidade”, disse o principal autor Lorenz Roth do Southwest Research Institute em San Antonio, no Texas. “Contudo, nós não sabemos ainda se essas plumas estão conectadas com a água líquida da subsuperfície ou não”. As descobertas do Hubble foram publicadas na edição de 12 de Dezembro de 2013 da Science Express, e estão sendo reportadas no congresso da American Geophysical Union em San Francisco, na Califórnia.

A descoberta do Hubble faz Europa ser somente a segunda lua no Sistema Solar por ter plumas de vapor d’água. Em 2005, plumas de vapor d’água foram detectadas pela sonda Cassini da NASA sem expelidas da superfície da lua de Saturno, Encélado.

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As plumas de Europa foram descobertas pelas observações do Hubble em Dezembro de 2012. O Space Telescope Imaging Spectrograph (STIS) detectou a luz ultravioleta apagada de uma aurora no polo sul da lua. Essa aurora é dirigida pelo intenso campo magnético de Júpiter, que faz com que as partículas alcancem altas velocidades de modo que elas possam espalhar as moléculas de água na pluma quando elas as atingem, resultando em íons de oxigênio e hidrogênio que deixam suas impressões nas cores da aurora.

Somente o vapor d’água tem sido detectado – diferente das plumas em Encélado, que também contém partículas de gelo e de poeira.

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“Nós levamos o Hubble ao seu limite para ver essas emissões apagadas”, disse o coautor e principal investigador da campanha de observação do Hubble Joachim Saur da University of Cologne, na Alemanha. “Somente depois que uma câmera particular no Telescópio Espacial Hubble foi reparada na última missão de serviço do Ônibus Espacial, é que nós ganhamos a sensibilidade necessária para pesquisar essas plumas”.

Roth sugere que longas fraturas na superfície de Europa, conhecidas como Linea, podem estar expelindo o vapor d’água para o espaço. Fissuras similares têm sido fotografadas no polo sul de Encélado pela sonda Cassini. É desconhecido em qual profundidade da crosta de Europa a fonte da água está. Roth, pergunta, “Essas aberturas se estendem nas profundezas do oceano em subsuperfície ou são ejeções que ocorrem simplesmente pelo gelo aquecido causado pela fricção que ocorre perto da superfície?”

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Assim como em Encélado, a equipe do Hubble descobriu que a intensidade das plumas variam com a posição orbital de Europa. Gêiseres ativos só foram vistos quando a lua está mais distante de Júpiter. Mas os pesquisadores não puderam detectar qualquer sinal de ejeção de material quando Europa está mais perto de Júpiter.


Uma explicação para isso é que as longas fraturas na crosta congelada experimentam mais tensão à medida que as forças de marés gravitacionais puxam e empurram na lua e então abrem as aberturas em distâncias maiores de Júpiter. As aberturas ficam mais estreitas ou fechadas quando ocorre a maior aproximação do gigante gasoso. Kurt Retherford, membro da equipe, e também do Southwest Research Institute, aponta que “a variabilidade da pluma suporta uma previsão fundamental que nós devíamos ver nesse tipo de efeito de maré se existisse um oceano na subsuperfície de Europa”.


Missões espaciais futuras para Europa poderiam confirmara localização e o tamanho exato das aberturas e determinar se elas se conectam com o líquido nos reservatórios em subsuperfície. Essa é uma importante notícia para as missões como a JUpiter ICy moons Explorer (JUICE) da ESA, uma missão planejada para ser lançada em 2022, e que tem como objetivo explorar tanto Júpiter como suas três maiores luas: Ganimedes, Callisto e Europa.


Fonte:

http://www.spacetelescope.org/news/heic1322/

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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