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Astrônomos Investigam Os Halos de Galáxias Distantes Para Entender Suas Origens E Como Evoluem

As galáxias não são formadas somente pelas estrelas brilhantes e pelo gás que você vê através do telescópio. Elas estão enrolados numa gigantesca bola, ou halo, de hidrogênio que se estende por grandes distâncias no espaço existente entre elas. Esses halos, normalmente são desafiadores de serem vistos e estudados, mas essa tarefa ficou um pouco mais fácil, graças a uma combinação de uma técnica natural de ampliação e à excelente visão do instrumento MUSE, instalado no VLT do ESO no Chile.

Duas novas imagens mostrando esses halos brilhantes de gás foram lançadas como parte do estudo apresentado no dia 25 de Junho de 2019 no encontro anual da European Astronomical Society por Adélaïde Claeyssens do Centre de Recherche Astrophysique de Lyon.  Essas imagens foram feitas pelo Telescópio Espacial Hubble mostram galáxias através do efeito de lente gravitacional e neste caso é fácil de notar os halos. O efeito de lente gravitacional ocorre quando um objeto massivo, como um aglomerado de galáxia, se situa entre um outro objeto mais distante e o observardor, nesse caso uma galáxia e o Hubble que está na órbita baixa da Terra. A teoria geral da relatividade de Albert Einstein diz que a gravidade de um objeto massivo, o aglomerado, distorce o espaço-tempo ao seu redor. Quando a luz do objeto mais distante encontra essa parte contorcida do espaço-tempo, ela se curva ao redor do aglomerado, permitindo que assim, possamos observar objetos mais distantes.

Essa luz não é somente curvada, mas é também ampliada, dando aos astrônomos uma imagem relativamente boa de objetos até então muito distantes para serem observados.  É esse o efeito que a pesquisa feita por Claeyssens usa, apontando o MUSE nessas galáxias para obter as informações do objeto.

O MUSE é um poderoso instrumento que divide a imagem que ele vê em 24 unidades menores chamadas de sub-campos. É como colocar uma grade numa imagem de uma galáxia e dividí-la em 24 caixas. Cada uma dessas caixas manda a luz para um espectrógrafo, que decompõem a luz em todos os comprimentos de onda, para obter informações sobre a composição e o movimento, incluindo a velocidade e a direção do objeto observado. Em vez de fornecer no final propriedades globais, ou apenas informações básicas sobre o halo como um todo, essa técnica permite aos astrônomos dar um zoom em partes específicas do halo para olhar com maior detalhes variações no gás.

Com base nas suas observações, a equipe de Claeyssens, irá agora estudar a cinemática, ou seja, o movimento, e outras propriedades do gás, não como da galáxia como um todo, mas no halo. Isso é importante, pois a equipe pode ver se o gás tem a mesma composição e movimento através do halo, ou se difere com a distância e com a localização na galáxia.

Essas informações, por sua vez, dirão aos astrônomos mais sobre como as galáxias se formam e evoluem, incluindo como elas podem perder, ganhar, ou compartilhar material através dessas enormes camadas de gás.

Fonte:

http://www.astronomy.com/news/2019/06/glowing-light-from-distant-galaxies

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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