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ALMA Revela Detalhes Incríveis da Formação de Planetas

Por: Ned Oliveira

Os astrônomos sabem que as estrelas no início possuem um disco massivo de poeira e gás e que com o passar do tempo nesse disco ocorrem condensações ou aglutinações e são essas aglutinações que acabam formando os planetas e asteróides e os outros objetos dos sistemas planetários.

Porém a compreensão completa desse processo ainda não existe, e na verdade, existe um grande problema em todo esse processo.

Um processo chamado de desvio radial causado pelo arrasto no disco de poeira e gás faria com que os grãos de poeira se movessem na direção da estrela e não tivesse assim tempo suficiente para gerar os planetas, asteróides e outros objetos.

Mas certamente existe algum contra-processo que não permite que isso aconteça, pois como sabemos os planetas são sim formados.

Então, o que acontece no disco protoplanetário que evita que o desvio radial limpe completamente o disco?

Para entender esse processo, um grupo de astrônomos resolveu observar uma estrela jovem que ainda possui um disco protoplanetário, eles escolheram a V1247 Orionis, e para analisar em detalhe o que acontece ao redor da estrela eles usaram o ALMA, o conjunto de antenas do ESO no Chile.

A resolução do ALMA é tão boa, que os pesquisadores conseguiram produzir uma imagem detalhada do disco ao redor da estrela e para a surpresa deles, o disco possuía duas partes.

Um anel central bem definido de matéria e uma estrutura em forma crescente localizada mais distante da estrela.

Na região entre o anel e a estrutura crescente, os pesquisadores identificaram uma zona onde possivelmente um pequeno planeta está se formando e limpando o disco ali.

E o segredo está aí, à medida que o planeta se movimenta ao redor da estrela ele gera regiões de alta pressão em ambos os lados de sua passagem, como os navios no mar.

Essas áreas de alta pressão funcionariam então como barreiras que gerariam armadilhas para a poeira, assim as partículas de poeira ficariam ali aprisionadas por milhões de anos, ou seja, por tempo suficiente para se aglutinarem e formarem os planetas e outros objetos do sistema.

Além disso, as imagens da estrela mostraram duas dessas armadilhas de poeira, uma mais próxima e outra mais distante da estrela, o que está de acordo com as simulações computacionais.

Assim, essas armadilhas de poeira seriam a resposta que os astrônomos procuram a muito tempo, sobre o porque que o desvio radial não consegue limpar o disco protoplanetário ao redor das estrelas e assim os planetas conseguem se formar.

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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