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A Galáxia Hooked e a Sua Companheira na Constelação de Libra

A Galáxia Hooked (pode ser galáxia do gancho, mas vou deixar como Hooked mesmo), também conhecida como MCG-01-39-003 é uma galáxia espiral peculiar que está interagindo com sua vizinha, a galáxia espiral NGC 5917, também conhecida como Arp 254, ou MCG-01-39-002, ambas se localizam a aproximadamente 87 milhões de anos-luz de distância da Terra, na constelação de Libra. Elas estão se afastando de nós a mais de 1900 quilômetros por segundo.

A NGC 5917, que aparece na parte superior, está a aproximadamente 40000 anos-luz além. Ela possui um grande e apagado halo e aparece um pouco corrompida. A Galáxia Hooked (na parte inferior direita), possui duas caudas, a que fica do lado mais perto da NGC 5917 é um feixe de maré de estrelas em forma de um gancho, que provavelmente inclui regiões de formação de estrelas, formação essa, disparada pelo contato imediato com a NGC 5917. De fato, melhorias na imagem revelam que a matéria está sendo puxada da MCG-01-39-003 pela NGC 5917.

Em 2005, uma estrela explodiu na vizinhança do gancho. A supernova, chamada de SN 2005cf apareceu projetada no topo de uma ponte de matéria conectando a Galáxia Hooked com a NGC 5917. Análises posteriores mostraram que essa foi uma supernova do Tipo Ia e que o material foi ejetado com velocidades superiores a 15000 quilômetros por segundo, impressionantes 54 milhões de quilômetros por hora.

Uma supernova do Tipo Ia é o resultado de uma violenta explosão de uma estrela do tipo anã branca, uma estrela compacta que encerrou o processo de fusão em seu núcleo. A anã branca aumenta a sua massa além de um limite crítico capturando matéria de uma estrela companheira. Uma explosão nuclear então ocorre e faz com que a estrela, momentaneamente, brilhe como um galáxia, antes de gradativamente se apagar.

Explosões de supernovas enriquecem o gás intergaláctico com elementos como oxigênio, o ferro, a sílica, que serão depois incorporados nas novas gerações de estrelas e planetas.

Existem alguns indicativos para saber se uma determinada galáxia se encontra em um fenômeno que pode produzir um aumento na formação de estrelas. Como uma consequência disso, o número de supernovas nesse tipo de sistema, espera-se que seja maior em comparação com o que acontece nas galáxias isoladas. Não obstante, a descoberta de supernovas em caudas de maré conectando galáxias em interação não deixa de ser um evento excepcional. Curiosamente, a SN2005cf apareceu fora da cauda de maré. O sistema progenitor foi provavelmente arrancado de uma das duas galáxias e explodiu longe do lugar onde ele nasceu.

A supernova foi acompanhada durante toda a sua evolução, entre dez dias antes de atingir o seu pico de luminosidade até mais ou menos um ano depois da explosão. Um ano depois da explosão, o objeto era aproximadamente 700 vezes mais apagado do que quando atingiu seu máximo.

Os últimos estágios da supernova são muito importantes de serem pesquisados, pois fornecem aos astrônomos pistas sobre as partes internas do material ejetado. Conhecer esse material é importante para que se possa entender da melhor forma possível o mecanismo de explosão e os elementos que foram produzidos durante essa explosão.

Na imagem acima, nós podemos também ver uma bela galáxia espiral barrada sem nome, além de outras “ilhas do universo”, dançando no plano de fundo cósmico dessa bela imagem.

Fonte:

http://annesastronomynews.com/annes-picture-of-the-day-the-hooked-galaxy-and-companion/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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