A busca pelo planeta que poderia ser o irmão gêmeo da Terra no universo está aquecida. Usando a sonda Kepler da NASA os astrônomos estão começando a encontrar planetas do tamanho da Terra orbitando estrelas distantes. Uma nova análise dos dados do Kepler mostram que aproximadamente 17% das estrelas têm um planeta do tamanho da Terra em uma órbita mais próxima do que a órbita de Mercúrio em relação ao Sol. Como na Via Láctea temos aproximadamente 100 bilhões de estrelas, existem no mínimo 17 bilhões de mundos parecidos com a Terra aí fora.
Fracois Fressin, do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, ou CfA, apresentou as análises na última semana durante o encontro da American Astronomical Society que aconteceu em Long Beach, Califórnia. Um artigo detalhando a pesquisa foi aceito para publicação no The Astrophysical Journal.
O Kepler detecta candidatos planetários usando o método do trânsito, observando um planeta cruzar a sua estrela e criar um pequeno eclipse que faz com que a luz da estrela diminua levemente. Os primeiros 16 meses de pesquisa identificaram aproximadamente 2400 candidatos. Os astrônomos então se perguntaram, quantos desses sinais são reais e quantos planetas o Kepler não registrou?
Simulando a pesquisa do Kepler, Fressin e seus colegas foram capazes de determinar corretamente tanto a impureza como a falta de dados da lista de candidatos para recuperar assim a verdadeira ocorrência de planetas orbitando outras estrelas e que tenham o tamanho da Terra.
“Existe uma lista de configurações astrofísicas que podem imitar os sinais dos planetas, mas juntas, elas só podem ser responsáveis por um décimo da enorme quantidade de candidatos identificados pelo Kepler. Todos os outros sinais são planetas”, disse Fressin.
Juntos, os pesquisadores encontraram que 50% das estrelas têm planetas do tamanho da Terra, ou maiores numa órbita mais próxima. Adicionando os planetas maiores, que tinham sido detectados em órbitas maiores do que a órbita da Terra em relação ao Sol, esse número cresce para 70%.
Extrapolando os dados atuais do Kepler e os resultados obtidos através de outras técnicas de detecção de exoplanetas, aparentemente quase toda a estrela parecida com o Sol t6em planetas.
A equipe então agrupou os planetas em cinco diferentes tamanhos. Eles encontraram que 17% das estrelas têm planetas entre 0.8 e 1.25 vezes o tamanho da Terra em uma órbita de 85 dias ou menos. Aproximadamente um quarto das estrelas têm planetas chamados de Super-Terras, com o tamanho entre 1.25 e 2 vezes o tamanho da Terra numa órbita de 150 dias ou menos. Lembrando sempre que os maiores planetas podem ser detectados mais facilmente a distâncias maiores das estrelas. A mesma fração de estrelas possui os chamados mini-Netunos, com o tamanho entre 2 e 4 vezes o tamanho da Terra em órbitas de 250 dias.
Os planetas maiores são menos comuns. Somente 3% das estrelas têm um grande Netuno, entre 4 e 6 vezes o tamanho da Terra, e somente 5% das estrelas têm um gigante gasoso, entre 6 e 22 vezes o tamanho da Terra numa órbita de 400 dias ou menos.
Os pesquisadores também perguntaram se certos tamanhos de planetas são mais ou menos comuns ao redor de determinados tipos de estrelas. Eles descobriram que para cada tamanho de planeta, exceto para os gigantes gasosos, o tipo de estrela não tem qualquer relação. Netunos são encontrados com a mesma frequência orbitando estrelas parecidas com o Sol como em estrelas do tipo anãs vermelhas. O mesmo é verdade para os mundos menores. Essa descoberta contradiz, descoberta anteriores.
“Terras e super-Terras não são estranhas. Nós encontramos esse tipo de planetas em todos os tipos de estrelas”, disse o coautor do trabalho Guillermo Torres do CfA.
Os planetas mais próximos às suas estrelas são mais fáceis de serem encontrados pois eles as transitam com maior frequência. Quanto mais dados forem adquiridos, os planetas em órbitas maiores começaram a aparecer. Em particular, a missão estendida do Kepler deverá permitir registrar planetas do tamanho da Terra em órbitas maiores, incluindo órbitas parecidas com a da Terra, na chamada zona habitável das estrelas.
Com sua sede em Cambridge, o Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, CfA, é uma colaboração entre o Smithsonian Astrophysicas Observatory e o Harvard College Observatory. Os cientistas do CfA, estão organizados em seis divisões, estudando a origem, a evolução e o destino final do universo.
Fonte:
http://www.cfa.harvard.edu/news/2013/pr201301.html