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22 de novembro de 2024

Imagem da HiRISE Mostra Fluxo de Lava Infiltrando Cratera em Marte


Essa imagem mostra uma situação rara. Em geral, os fluxos de lava preenchem os pontos mais baixos da topografia e as cavidades que encontram em sua passagem e fluem ao redor dos pontos mais altos como colinas e cadeias de montanhas. Nessa imagem, pode-se ver dois fluxos de lava interagindo com uma cratera de impacto.

Embora uma cratera de impacto com aproximadamente 3 quilômetros de largura como essa possa ser considerada um buraco no solo de Marte, com provavelmente algumas centenas de metros de profundidade, ela é circundada por uma crista que na verdade é mais alta do que o terreno ao redor, crista essa que foi soerguida durante o poderoso evento de impacto que gerou a cratera. No lado sul da cratera, uma superfície suave de fluxo de lava, com alguns nós na sua parte sudoeste, entra em contato com o anel externo da cratera, enterrando qualquer sinal de material ejetado da cratera e cobrindo boa parte do anel e quase chegando até a sua crista.

Contudo, pelo fato da altura do anel da cratera ser um pouco maior que a espessura do fluxo de lava, o anel da cratera age como uma parede e não deixa que a parte mais profunda da cratera seja preenchida com lava. Mais tarde, contudo, um fluxo de lava diferente, mais jovem se aproximou da cratera pelo norte, a espessura desse fluxo de lava pode ser vista ao longo da frente do fluxo  na parte leste da imagem. Diferente do fluxo anterior, esse novo fluxo de lava encobriu o anel nordeste da cratera, e um fluxo de lava em forma de lobo pode ser visto descendo para interior da cratera. Se o anel fosse um pouco mais baixo, ou se a lava avançasse um pouco mais, a cratera teria sido preenchida e enterrada e nós nunca conseguiríamos observar essa bela interação entre o fluxo de alva e uma cratera.

Estudando como a lava reage a obstáculos e às variações no talude, como esse lobo caindo pela parte interna da cratera, os cientistas podem ser capazes de aprender sobre a espessura, viscosidade e intensidade do fluxo de lava, que por sua vez pode ajudar a restringir a composição e a temperatura da lava.

Fonte:

http://hirise.lpl.arizona.edu/ESP_024587_1465


Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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