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Imagem da HiRISE Mostra Fluxo de Lava Infiltrando Cratera em Marte


Essa imagem mostra uma situação rara. Em geral, os fluxos de lava preenchem os pontos mais baixos da topografia e as cavidades que encontram em sua passagem e fluem ao redor dos pontos mais altos como colinas e cadeias de montanhas. Nessa imagem, pode-se ver dois fluxos de lava interagindo com uma cratera de impacto.

Embora uma cratera de impacto com aproximadamente 3 quilômetros de largura como essa possa ser considerada um buraco no solo de Marte, com provavelmente algumas centenas de metros de profundidade, ela é circundada por uma crista que na verdade é mais alta do que o terreno ao redor, crista essa que foi soerguida durante o poderoso evento de impacto que gerou a cratera. No lado sul da cratera, uma superfície suave de fluxo de lava, com alguns nós na sua parte sudoeste, entra em contato com o anel externo da cratera, enterrando qualquer sinal de material ejetado da cratera e cobrindo boa parte do anel e quase chegando até a sua crista.

Contudo, pelo fato da altura do anel da cratera ser um pouco maior que a espessura do fluxo de lava, o anel da cratera age como uma parede e não deixa que a parte mais profunda da cratera seja preenchida com lava. Mais tarde, contudo, um fluxo de lava diferente, mais jovem se aproximou da cratera pelo norte, a espessura desse fluxo de lava pode ser vista ao longo da frente do fluxo  na parte leste da imagem. Diferente do fluxo anterior, esse novo fluxo de lava encobriu o anel nordeste da cratera, e um fluxo de lava em forma de lobo pode ser visto descendo para interior da cratera. Se o anel fosse um pouco mais baixo, ou se a lava avançasse um pouco mais, a cratera teria sido preenchida e enterrada e nós nunca conseguiríamos observar essa bela interação entre o fluxo de alva e uma cratera.

Estudando como a lava reage a obstáculos e às variações no talude, como esse lobo caindo pela parte interna da cratera, os cientistas podem ser capazes de aprender sobre a espessura, viscosidade e intensidade do fluxo de lava, que por sua vez pode ajudar a restringir a composição e a temperatura da lava.

Fonte:

http://hirise.lpl.arizona.edu/ESP_024587_1465


Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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