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Uma Cicatriz É Identificada nas Terras Altas da Lua

Com um começo e um final abrupto, e sem nenhuma óbvia conexão com típicos fluxos geológicos, processos de falhamentos ou esfregões, podem ter gerado essa curiosa estrutura arqueada na Lua, estrutura essa que tem um relevo negativo e está localizada no regolito das terras altas do nosso satélite. Algumas vezes para entender o que está acontecendo na Lua, como já foi dito hoje em um post, é bom voltar atrás e olhar uma imagem mais ampla da região.

Para isso, pode-se comparar a imagem acima feita com a câmera NAC com o mosaico abaixo feito com a câmera WAC. Nesses detalhes podemos ver que algumas feições são similares como os vales com partes terminais abruptas, estão alinhadas na direção norte-noroeste para sul-sudoeste, mas essas feições ainda estão isoladas de qualquer coisa que possa ter as gerado numa vizinhança próxima.

Contudo, em alguns casos é preciso voltar ainda mais e olhar as coisas mais regionalmente ainda.

Na imagem acima, pode-se notar a seta no canto noroeste do mosaico feito pela câmera WAC que se sobrepõem e é paralelo à tendência linear da cicatriz mostrada. Ela aponta para o centro do Mar Orientale, uma feição de impacto de 900 km de diâmetro. Algumas cadeias de crateras são visíveis a sudoeste da seta nessa escala que de maneira similar irradia da bacia Orientale. A violência do evento de formação da bacia foi tão grande que ele retrabalhou grandes volumes de rochas por centenas de quilômetros ao redor da superfície da Lua. A orientação e localização dessa feição faz com que o impacto que gerou a Orientale seja o responsável por ela. Em adição aos projeto rochosos expelidos por um impacto na Lua, o retrabalhamento do solo e/ou a colocação balística de projéteis são também conseqüências comuns dos grandes impactos na Lua. Da morfologia e ocorrência, eles parecem ter se comportado de uma maneira bem fluida, e podem ter se modificado e fundido enquanto eles fluíam através da superfície até perder energia e se depositarem como dunas ou lobos.

Além da orientação e da forma linear, existem outras pistas que podem determinar se essa feição é associada com o impacto que formou a Orientale ou se é parte de outra fonte de detritos, vocês seriam capazes de dizer?

Exemplos adicionais de material ejetado fluidificado podem ser encontrados nos Lobos Lavish da Necho R, e nos depósitos ejetados da Cratera King.

Fonte:

http://lroc.sese.asu.edu/news/index.php?/archives/468-A-Scar-in-the-Highlands.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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