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Uma Análise Mais Detalhada Sobre o Exoplaneta Kepler 22-b


O anúncio recente da descoberta do exoplaneta Kepler 22-b tem trazido muita animação não só para comunidade científica, mas também para todos que um dia pensaram em encontrar um exoplaneta onde a vida pudesse existir. Só para ter uma ideia da popularidade desse tema, se você escrever no Google Kepler 22-b, 12 milhões de resultados são retornados, isso pelo fato dessa descoberta ter sido coberta pelos principais meios de imprensa, blogs, sites, e todos que gostam de astronomia, ficção científica, tecnologia, etc.. É claro que a possibilidade de que esse distante mundo possa sustentar a vida, e aqui é bom deixar claro, que quando se fala em vida, é nos moldes em que conhecemos, tem feito a imaginação de todos livre para viajar. O Kepler 22-b tem sido estudado e os cálculos indicam que ele orbite sua estrela dentro da chamada zona habitável, um termo usado na astrobiologia para definir uma região ao redor das estrelas onde a água poderia existir em estado líquido, e como a água em estado líquido é a base de sustentação da vida, essa zona se tornaria uma zona habitável. O Kepler 22-b orbita uma estrela do tipo G5 parecida com o Sol, porém a existência ou não de água em estado líquido não é o único fator que indica a chamada habitabilidade de um planeta.

Recentemente foi lançado um site chamado de Habitable Exoplanet Catalogue (http://phl.upr.edu/projects/habitable-exoplanets-catalog) que fornece uma excelente fonte e padronização para acessar os possíveis exoplanetas habitáveis descobertos no universo até hoje. Poucas horas depois do anúncio da descoberta do Kepler 22-b a equipe do HEC já tinha lançado um acesso aos dados e às métricas desse exoplaneta, resumidas no gráfico apresentado como figura principal nesse post.

Assim, apesar do Kepler 22-b estar confortavelmente localizado dentro da chamada zona habitável, sua grande massa e sua gravidade esmagadora efetivamente retiram a possibilidade de vida terrestre nesse mundo. A temperatura estimada pelo HEC de 40?C parece mais realista do que aquela divulgada pela imprensa de 22?C, mas ainda não foi dado um veredito final sobre o Kepler 22-b, muito ainda precisa ser estudado. De acordo com a classificação, esse exoplaneta se enquadra na classe do Netunianos Quentes.

A tabela abaixo lista as características do Kepler 22-b. No topo da tabela estão as informações que tem sido obtidas do exoplaneta e da sua estrela por fotometria que possui um bom grau de precisão. Na parte inferior da tabela, são comparados os dois cenários mais prováveis para se classificar o Kepler 22-b, cenário que só poderá ser decidido depois de análises mais precisas. Os casos são separados em melhor (best)  e pior (worst) com base no que acreditamos serem as condições ideais para o desenvolvimento da vida.

O mais impressionante de tudo isso, seja o planeta habitável ou não, é ver em que grau está a ciência que estuda os exoplanetas. A equipe do Kepler merece todos os elogios e reconhecimento pelo excelente e brilhante trabalho que estão realizando. Contudo, com a quantidade de exoplanetas que estão sendo descobertos temos que tomar um certo cuidado na exaltação de alguns deles como o que está acontecendo com o Kepler 22-b. Temos que exaltar mais a competência em poder hoje estudarmos planetas em outros sistemas do que imaginarmos se eles serão ou não habitáveis, se forem em breve essa descoberta acontecerá. Só para finalizarmos, mais um dado obtido do HEC mostra quais são atualmente os planetas considerados mais próximos de terem as condições ideais para a vida.

Fonte:

http://phl.upr.edu/projects/habitable-exoplanets-catalog


Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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