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Um Museu de Feições Lunares

Quando nos deparamos com uma imagem dessa Lua, nos perguntamos, por onde começar? A região mostrada na imagem acima apresenta tantas feições variadas, interessantes e únicas que pode ser considerada como um museu das feições lunares que podemos ver da Terra. De cara, o que se destaca é a clássica cratera concêntrica Hesiodus A (o A na imagem abaixo) localizada perto da parte superior da imagem. Com 15 quilômetros de diâmetro essa é uma das maiores crateras concêntricas existentes na Lua, embora o diâmetro do anel interno seja 40% do diâmetro do anel externo e é muito típico. O que a torna incomum é a presença de pequenos picos no meio. Perto da Pitatus (P) está um belo exemplo de cratera que tem o interior fraturado, embora seja incomum. As crateras de interior fraturado tem uma inundação menor de lava e mostram os terraços de suas paredes, um pico central e um interior elevado e fraturado.  A Pitatus é tão inundada por lavas que ela mostra somente partes remanescentes tanto de seus picos como de seus terraços e nós não podemos dizer se o seu interior é elevado ou apenas inundado por lava. Pode-se notar que a cratera vizinha, a Hesiodus (H) é uma versão miniatura da Pitatus. Movendo-se para o interior com relação ao mar da Lua, está um terreno dominado por material ejetado. A Gauricus (G) tem um anel curvo muito suave e incomum para oeste e para sul. A Wurzelbauer (W) é uma cratera dentro de uma cratera, mas não como uma cratera concêntrica, ela parece ter se formado por um segundo impacto ocorrido dentro de uma cratera pré-existente. A Wurzelbauer tem um interior acidentado, mas na parte leste ele é mais suave e é cruzado por uma ranhura. Pode-se supor que o material rugoso dentro da W é material ejetado pela formação ou da Bacia Orientale ou da Imbrium, já que ele é similar ao material encontrado a oeste. O anel arredondado da G pode ser material ejetado engessado, talvez o mesmo material que corta a W em forma de ranhura e que preenche a G. Outro material provavelmente originado da ejeção de uma bacia mas totalmente diferente desses é o material mais escuro na depressão em forma de T. Finalmente podemos notar pequenos alinhamentos de crateras entre a W e a depressão em forma de T, essas são provavelmente bacias secundárias. Pequenos aglomerados das secundárias da Tycho e associadas com raios são facilmente visíveis na Pitatus mas também podem ser vistos em qualquer lugar. Resumindo, existe muita história para se contar sobre esse pequeno pedaço da Lua, um verdadeiro museu a céu aberto.

Fonte:

https://lpod.wikispaces.com/February+18%2C+2012

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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