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21 de novembro de 2024

Terremoto Cria Nova Ilha na Costa do Paquistão

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observatory_150105No dia 24 de Setembro de 2013, um grande terremoto transcorrente atingiu a região oeste do Paquistão, matando no mínimo 350 pessoas e deixando mais de 100000 desabrigados. O terremoto de magnitude 7.7 sacudiu a província de Baluchistan na parte noroeste do Paquistão. Além de toda a destruição que o tremor causou, uma nova ilha foi criada na costa de Paddi Zirr (Baía Oeste) perto de Gwadra, no Paquistão.

No dia 26 de Setembro de 2013, o Advanced Land Imager (ALI) do satélite Earth Observing-1 (EO-1) da NASA registrou a imagem superior das duas mostradas acima que mostra a nova ilha, que está localizada a aproximadamente 1 km da costa. Provavelmente um vulcão de lava, a ilha nasceu do assoalho oceânico perto de Gwadar em 24 de Setembro de 2013, pouco depois do terremoto que atingiu aproximadamente 380 km em terra. A imagem inferior, foi adquirida pelo Operational Land Imager do satélite Landsat 8 e mostra a mesma área em 17 de Abril de 2013.

Nas imagens de satélite, tons claros de verde e marrom na água revelam o assoalho oceânico raso ou sedimento em suspensão. A profundidade da lâmina d’água ao redor dessa nova ilha é de aproximadamente 15 a 20 metros, de acordo com o geólogo marinho Asif Inam do Instituto Nacional de Oceanografia do Paquistão. “O assoalho oceânico nessa área é plano, mas o gradiente nessa área muda de forma abrupta”, disse Inam. A imagem superior do ALI é também clara o suficiente para mostrar as ondas paralelas marchando em direção a costa.

A fotografia aérea abaixo do Instituto Nacional de Oceanografia forneceu uma visão detalhada do terreno, estimado em se estender por cerca de 75 a 90 metros de diâmetro e se erguer entre 15 a 20 metros acima do nível do mar. A superfície é uma mistura de lama, areia fina e rocha sólida.

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“A ilha é na verdade apenas uma grande pilha de lama do assoalho oceânico que foi levantada”, disse Bill Barnhart, um geólogo do U.S. Geological Survey que estuda os terremotos no Paquistão e no Irã. “Essa área do mundo parece ver muitas dessas feições pois a geologia é correta para essas formações. Você precisa de uma camada rasa e soterrada de gás pressurizado – metano, dióxido de carbono ou algo assim – e fluidos. Quando essa camada é perturbada por ondas sísmicas, como num terremoto, os gases e os fluidos tornam-se flutuantes e chegam até a superfície trazendo lama e rocha junto com ele”.

Inam afirmou que nesse caso a pressão subterrânea veio do gás natural em expansão. “A principal força para a emergência de ilhas nessa parte do mundo é o gás metano altamente pressurizado, ou gás hidrato. Na nova ilha, existe um contínuo escapa de gás metano altamente inflamável por meio de inúmeras aberturas”.

Algumas dessas ilhas apareceram na costa de Makran com seus 700 quilômetros de extensão no século passado, notou Eric Fielding, um cientista tectônico no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena na Califórnia. Ele explicou que a costa de Makran é onde a placa tectônica Árabe é empurrada para o norte e para baixo sob a placa continental da Eurásia. A espessa camada de lama e rocha na Placa da Arábia foi raspada e formou as terras na parte sudoeste do Paquistão, sudeste do Irã e o assoalho oceânico raso da costa.

“A costa de Makran não é uma região muito povoada e qualquer um desses eventos podem facilmente acontecer sem anúncio nenhum, assim as imagens de satélite são extremamente importantes”, disse Inam. “Vulcões de lama e ilhas de lama são ameaças naturais principalmente para a navegação”.

A vida dessa ilha é provavelmente muito curta. Esse bolsão de gás em subsuperfície irá resfriar, se comprimir, ou escapar com o tempo, permitindo que a crosta se colapse e volte para o fundo do mar. Ondas, tempestades, e a ação da maré do Mar da Arábia também varrerão a areia não consolidada, a argila e a lama. Barnhart disse que essas ilhas, na verdade duram de poucos meses a um ano antes de afundarem de volta no oceano.

Fonte:

http://earthobservatory.nasa.gov/IOTD/view.php?id=82146&eocn=home&eoci=iotd_readmore


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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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