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Telescópios da NASA Descobrem Aglomerado de Galáxias Com Um Vibrante Coração

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Os astrônomos descobriram um raro tipo de aglomerado de galáxias que tem seu coração repleto de novas estrelas. A descoberta inesperada, aconteceu com a ajuda dos telescópios espaciais da NASA Spitzer e Hubble, e sugere que galáxias gigantescas no núcleo desses aglomerados massivos podem crescer de maneira significante se alimentando de gás roubado de outras galáxias.

“Normalmente, as estrelas no centro dos aglomerados de galáxias, são velhas e mortas, essencialmente fósseis estelares”, disse Tracy Webb da Universidade McGill, em Montreal, no Canadá, principal autor do artigo que descreve as descobertas publicado na edição de 20 de Agosto do Teh Astrophysical Journal. “Mas nós acreditamos que a gigantesca galáxia no centro desse aglomerado está gerando novas estrelas de maneira furiosa depois de realizar uma fusão com uma galáxia menor”.

Os aglomerados de galáxias são grandes famílias de galáxias unidas e agrupadas pela gravidade. A nossa Via Láctea reside em um pequeno grupo de galáxias, chamado de Grupo Local, que por sua vez reside na periferia do gigantesco superaglomerado de galáxias Lanikea com 100000 galáxias (Lanikea signifiva “céu imensurável” em havaiano).

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O aglomerado nesse novo estudo, é chamado pelos astrônomos de SpARCS1049+56, e tem no mínimo 27 galáxias, e uma massa combinada equivalente a 400 trilhões sóis. Ele está localizado a cerca de 9.8 bilhões de anos-luz na direção da constelação de Ursa Major. O objeto foi inicialmente descoberto usando o Spitzer e o Telescópio Canadá-França-Havaí, localizado no monte Mauna Kea no Havaí, e confirmado, usando o Observatório W.M. Keck, também no Mauna Kea.

O que faz desse aglomerado único é seu luminoso coração de novas estrelas. No núcleo da maior parte dos massivos aglomerados de galáxias, existe uma galáxia que normalmente não produz novas estrelas de maneira muito rápida. A galáxia dominante do aglomerado SpARCS1049+056 está rapidamente formando uma grande quantidade de estrelas – cerca de 860 novas estrelas por ano. Só por comparação, a Via Láctea gera cerca de duas novas estrelas por ano.

“Com a câmera infravermelha do Spitzer, nós podemos ver o intenso calor de todas essas jovens e quentes estrelas”, disse o coautor Jason Surace do Spitzer Science Center da NASA no Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena. O Spitzer detecta a luz infravermelha, assim, ele pode ver o calor brilhante escondido nas regiões empoeiradas onde as estrelas nascem.

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Estudos subsequentes feitos com o Hubble na luz visível ajudaram a confirmar a fonte do combustível, ou do gás, para as novas estrelas. Uma galáxia menor parece ter recentemente sofrido um processo de fusão com uma galáxia monstruosa no meio do aglomerado, fazendo com que o seu gás fluísse para a galáxia maior e iniciando assim o processo de formação de novas estrelas.

“O Hubble descobriu o que parece um acidente de trem de uma fusão de galáxias no centro do aglomerado”, disse Webb.

O Hubble especificamente detectou feições na galáxia menor, que sofreu fusão, chamadas de “corrente de pérolas”, que são na verdade bolsões de gás que condensam onde as novas estrelas estão se formando. As correntes de pérolas são os sinais das colisões entre galáxias ricas em gás, um fenômeno conhecido pelos astrônomos como fusão úmida, onde “úmida”, nesse caso, significa a presença de gás. Nesse tipo de fusão, o gás é rapidamente convertido em novas estrelas.

Fusões secas, em contraste, ocorrem quando galáxias com pouco gás colidem e nenhuma estrela é formada. Normalmente, as galáxias no centro dos aglomerados crescem em massa através de fusões secas, ou pelo desvio de gás em seus centros.

The area around SpARCS1049+56 (ground-based image)

A nova descoberta representa um dos primeiros casos conhecidos de uma fusão úmida no centro de um aglomerado de galáxias. O Hubble anteriormente descobriu outro aglomerado de galáxias mais próximo contendo uma fusão úmida, mas nesse caso a formação de estrelas não era tão furiosa.

Os pesquisadores estão planejando realizar mais estudos para descobrir quão comum aglomerados como o SpARCS1049+56 são. O aglomerado pode ser uma exceção – ou ele pode representar um tempo no nosso universo quando devorar galáxias ricas em gás era algo normal.

Fonte:

http://hubblesite.org/newscenter/archive/releases/2015/32/full/

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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