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Sonda LRO da NASA Registra Transição de Diferentes Materiais na Cratera Tsiolkoskiy na Lua


A cratera Tsiolkovskiy na Lua é um belo exemplo de uma cratera complexa e que está localizada no lado escuro da Lua, com 185 km de diâmetro e localizada nas coordenadas 20.46?S, 129.06?E. Muitas feições geológicas são observadas dentro e ao redor da cratera de impacto, incluindo um pico central, paredes repletas de terraços, extenso material ejetado, e um interior parcialmente coberto com material de mar. A cratera Tsiolkovskiy é um experimento na inundação dos basaltos de mares que está congelado no tempo e que contém um dos únicos depósitos de mares no lado escuro da Lua. Quando nós normalmente pensamos em basaltos de mares, nós mentalmente montamos a imagem dos vastos basaltos do lado visível da Lua  provavelmente pois nós os vimos muito claramente quando a Lua está cheia. Esses basaltos do lado visível da Lua preenchem (ou quase que preenchem) as grandes bacias de impacto que no começo da história geológica da Lua, mas os basaltos que inundaram a cratera Tsiolkovskiy, bem como o basalto que formou o Mare Moscoviense e o Mare Orientale, por exemplo, somente inundou de forma parcial essas bacias do lado escuro da Lua. Assim, podemos usar essas bacias para estudarmos a geologia dos depósitos de mares do lado escuro e o tempo e a extensão do vulcanismo que dominou o lado escuro da Lua.

Devido à substancial mistura lateral de materiais na Lua ser limitada, a fronteira entre os mares e as terras altas dentro da cratera Tsiolkovskiy é particularmente óbvio. Na imagem mais aberta, o material das terras altas de alta refletância onde a cratera Tsiolkovskiy se formou é banhado por basalto, é suave e tem baixa refletância, enquanto que o pico central, as paredes das crateras, e porções do interior permanecem relativamente intocáveis exceto pela acumulação de pequenos impactos, com aproximadamente 5 metros de diâmetro que ocorreram com o passar do tempo.

Contudo, a fronteira entre as terras altas e o mar na Tsiolkovskiy não é tão bem definida na imagem de resolução de 60 cm/pixel feita pela câmera NAC da sonda LROC. Por que isso? Para responder, nós precisamos considerar a maneira com a qual o material se move na Lua. Anteriormente nós dissemos que a substancial mistura lateral de materiais na Lua é limitada, o que é verdade. Os impactos escavam material que é movido lateralmente, então mistura o material localmente. Com impactos suficientes, as diferenças de albedo entre as terras altas e os mares se tornam pouco nítidas e eventualmente desaparecem. O fato de nós observarmos raios se estendendo a grandes distâncias de impactos de idades Copérnica mostra que a mistura lateral ocorre em grandes distâncias. Então, por que nós ainda conseguimos observar a fronteira entre o material das terras altas e do mar com tanta nitidez nas imagens WAC? Uma inspecionada mais cuidados dessa mesma fronteira em imagens da câmera NAC mostram que essa fronteira não é tão nítida. Na escala da câmera NAC, você pode ver que as crateras de impacto aos poucos apagam essa fronteira. Você já viu algo parecido na Terra, por exemplo, em alguma viagem de carro? Vamos supor que em um momento você planejou uma viagem usando um mapa geológico ou mapa baseado em imagens de satélite, ou em fotografias aéreas, e você pôde notar que a fronteira entre os diferentes tipos de terreno por onde passou não eram tão nítidas assim no solo como se apresentam nos mapas. Isso é o que acontece na Lua.

Fonte:

http://lroc.sese.asu.edu/news/index.php?/archives/461-Follow-the-highlands-mare-boundary-in-Tsiolkovskiy!.html


Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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