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SOHO – Quinze Anos de Observação e Monitoramento da Atividade Solar

Há quinze anos atrás no mês de dezembro, a Agência Espacial Europeia e a NASA lançaram um satélite que mudou de forma fundamental nosso entendimento sobre o Sol e como o astro rei afeta o nosso planeta. O Solar Heliospheric Observatory (SOHO) tornou-se o primeiro observatório solar a observar o Sol 24 horas por dia, sete dias por semana. Com ele iniciou-se também uma revolução no estudo do chamado “clima espacial”, ou como a atividade eletromagnética no Sol perturba e distorce a tecnologia na Terra.

Essa imagem aqui reproduzida foi feita pelo instrumento Large-Angle Spectrometric Coronagraph (LASCO) que viaja a bordo do SOHO e mostra a erupção de uma ejeção de massa coronal (CME) – uma bolha de plasma energizada da atmosfera do Sol – em direção geral da Terra no dia 7 de Agosto de 2010. O círculo branco no centro mostra o diâmetro e a posição do Sol atrás do disco do coronógrafo (o círculo cinza), que cria na verdade um eclipse solar artificial sendo então possível observar a apagada atmosfera solar. As curvas brancas e pretas na esquerda mostram o efeito de halo da bolha de plasma à medida que ela é liberada pelo limbo leste.

Diferente de outras imagens do SOHO que mostram o Sol em cores vermelhas vibrantes, verde e outras cores artificiais, essa é uma imagem diferenciada que é na verdade a composição de duas imagens onde a primeira imagem é subtraída da última. Essa técnica permite aos cientistas observar a propagação do plasma através do espaço, com as partes brancas mais brilhantes mostrando áreas de maior densidade.

As CMEs carregam partículas energizadas através do Sistema Solar e quando elas cruzam a órbita da Terra, o resultado podem ser as auroras, carregando o cinturão de radiação de Van Allen e perturbando a ionosfera, uma camada da nossa atmosfera que é crítica para a transmissão dos sinais de rádio. Esses eventos climáticos espaciais podem distorcer as comunicações de satélite e as transmissões de rádio em terra, podem causar falhas nos satélites e criar tempestades elétricas podendo gerar até um apagão.

Antes do SOHO e do programa International Solar Terrestrial Physics dos anos de 1990, os cientistas e engenheiros não podiam se preparar para esses eventos. Mas com um monitoramento em tempo real, feito pelo SOHO é possível se preparar com três dias de antecedência aproximadamente. Acredita-se que os instrumentos do SOHO estão chegando ao limite de sua vida útil e satélites mais novos possuem novas visões do Sol, mas mesmo assim o SOHO ainda é a base para as medições e os registros de observações do Sol.

Fonte:

http://earthobservatory.nasa.gov/IOTD/view.php?id=47543

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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