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SDO – Os Olhos da NASA no Sol Inaugura uma Nova Era

A NASA recentemente lançou o Observatório Dinâmico Solar ou em inglês, SDO, e ele no dia de ontem 21 de Abril de 2010 retornou as primeiras imagens que confirmam uma capacidade sem precedentes que os cientistas terão para entender da melhor forma possível os processos dinâmicos que ocorrem com o Sol. A importância disso é que todas essas atividades afetam diretamente o planeta Terra.

Algumas das imagens enviadas pelo satélite mostram detalhes nunca antes observados de material fluindo para fora do Sol e das manchas solares. Outras imagens mostram detalhes extremos das atividades na superfície solar. A sonda também fez as primeiras medidas em alta resolução  das labaredas solares obtendo dados de comprimentos de onda do ultravioleta extremo.

“Essas imagens iniciais mostram um Sol dinâmico que eu nunca vi nos mais de 40 anos na pesquisa solar”, diz Richard Fisher, diretor da Divisão de Heliofísica da NASA em Washington. “O SDO irá mudar nosso entendimento do Sol e do seu processo, que afeta a vida e a sociedade. Essa missão terá grande impacto na ciência, similar ao impacto que o Telescópio Espacial Hubble causou na astrofísica moderna”.

Lançado em 11 de Fevereiro de 2010 o SDO é a sonda mais avançada já desenvolvida para estudar o Sol. Durante os cinco anos da missão, essa sonda irá examinar o campo magnético do Sol e também fornecer um melhor entendimento do papel do Sol na química e no clima da atmosfera terrestre. Desde o lançamento os engenheiros da missão estão fazendo testes de verificação dos componentes da sonda. Agora totalmente em operação, o SDO irá fornecer imagens com uma resolução 10 vezes melhor  do que uma TV de alta definição e irá assim enviar dados científicos mais compreensivos e mais rápido do que qualquer outra sonda solar.

O SDO irá determinar como o campo magnético do Sol é gerado, estruturado e convertido em violentos eventos solares como o vento solar turbulento, labaredas solares e as ejeções de massa coronal. Essas imensas nuvens de material, que quando são emitidas diretamente na direção da Terra podem causar grandes tempestades magnéticas na magnetosfera e na alta atmosfera da Terra.

O SDO irá fornecer dados cruciais  que irão melhorar a capacidade de prever esses eventos do clima espacial. O Goddard Space Flight Center da NASA irá operar o SDO.

“Eu estou muito orgulhoso do nosso brilhante trabalho no Goddard, que está mais uma vez rescrevendo os livros de ciência”, disse a senadora Barbara Mikulki, presidente do Subcommitê de Comércio Justiça e Ciência que dá fundos à NASA. “Hoje o Goddard está iluminando de maneira diferente nossa estrela mais próxima, o Sol, e descobrindo novas informações sobre o poder das labaredas solares que nos afetam na Terra, prejudicando as comunicações via satélite e temporariamente parando nossas usinas elétricas. Dados melhores significa uma melhor definição das tempestades solares”.

O clima espacial tem sido reconhecido como a causa de problemas tecnológicos desde a invenção do telegrafo no século 19. Esses eventos produzem distúrbios no campo eletromagnético da Terra  que pode induzir correntes extremas nas linhas de transmissão, desligando as usinas elétricas e causando apagões. Essas tempestades solares podem interferir na comunicação entre controladores terrestres, satélites e aviões que fazem rota próximo aos pólos da Terra. Ruídos de rádio causados pela tempestade também podem atrapalhar a comunicação via telefones celulares.

O SDO irá enviar  1.5 terabytes de dados para a Terra a cada dia, o que é equivalente ao download diário de 500000 músicas. O observatório carrega consigo três instrumentos do estado da arte para conduzir pesquisas solares.

O Helioseismic and Magnetic Imager mapeia o campo magnético solar e consegue observar através da superfície opaca do astro. O experimento irá decifrar a física da atividade solar, obtendo imagens em algumas das bandas mais estreitas da luz visível. Os cientistas  terão a capacidade de fazer imagens ultra-sônicas do Sol e estudar as regiões ativas de uma maneira similar como são feitos estudos para analisar o deslocamento de dunas no deserto.

O Atmospheric Imaging Assembly é um conjunto de quatro telescópios desenvolvidos para fotografar a superfície do Sol e a sua atmosfera. O instrumento cobre 10 diferentes comprimentos de onda, ou cores, selecionadas para revelar determinadas características da atividade solar. Esses tipos de imagens irão mostrar detalhes nunca antes vistos pelos cientistas.

O Extreme Ultraviolet Variability Experiment mede as flutuações  na emissão radiante do Sol. Essas emissões têm um efeito direto e poderoso na alta atmosfera da Terra – aquecendo-a e quebrando parte dos átomos e moléculas. Os pesquisadores não sabem quão rápido o Sol pode variar nesses muitos comprimentos de onda, então com isso eles esperam fazer descobertas sobre as labaredas do Sol.

“Essas imagens maravilhosas que vamos captar mostrarão o Sol dinâmico em um nível de detalhe inédito só conseguido com a aplicação do SDO e do seu conjunto de instrumentos”, disse Dean Pesnell cientista de projeto do Goddard.

O SDO é a primeira missão do projeto da NASA chamado Living with a Star Program ou LWS, e é a jóia da coroa da frota de missões da NASA que irão estudar o Sol e o ambiente espacial. O objetivo do LWS é desenvolver o entendimento científico necessário para acessar esses aspectos que conectam o Sol e a Terra e têm um efeito direto sobre as nossas vidas e a nossa sociedade.

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Fonte:

http://www.nasa.gov/mission_pages/sdo/news/first-light.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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