Raios-X e partículas carregadas ameaçam as possíveis formas de vida em outros planetas?
Por Felipe Freires
As estrelas de sequência principal de tipo M existem em nossa Via Láctea em abundância, por isso seriam ótimos alvos para encontrarmos exoplanetas, mas existe outra questão, elas têm atividades cromosféricas intensas em relação às outras estrelas, sendo estrelas relativamente frias, ou seja, suas zonas habitáveis se localizam perto delas e, a proximidade de suas zonas habitáveis combinada com suas intensas atividades cromosféricas preocupam os astrônomos, porque isso poderia pôr em risco a habitabilidade de um exoplaneta, pois essas atividades cromosféricas resultam na produção de radiação de alta energia, emitindo partículas carregadas.
Os astrônomos estudaram o flare do dia 12 de abril de 1985 da anã AD Leonis, uma estrela cromosfericamente ativa, simulando os efeitos causados pela radiação UV e emissão de prótons na química de uma hipotética atmosfera, se baseando na atmosfera terrestre e, nessas simulações eles descobriram que a emissão de raios-X e radiação Ultravioleta (UV) não representariam riscos diretos para a vida em um planeta por causa do ozono e oxigênio, que protegeriam o planeta, eles descobriram que com outras estrelas e outros planetas com campo magnético essa emissão de raios-X, Ultravioleta (UV) não seriam preocupação.
As anãs de tipo M são estrelas que podem permanecer nesse estágio durante muitos anos, podendo viver mais que 1010 anos, ou seja, mais que a idade do universo. A prevalência dessas estrelas, combinada com seus pequenos raios estelares e suas massas estelares afetam a probabilidade de detectar órbitas de exoplanetas terrestres ao seu entorno através da velocidade radial, trânsito ou microlente gravitacional. A estrela Gliese 581 é uma anã de tipo M3, se destacando pelo fato de ter ao seu entorno os candidatos á exoplanetas terrestres mais conhecidos.
A Zona Habitável de uma estrela anã de tipo M tem um raio orbital pequeno, (com 0,2 UA ou menos), dessa forma, um exoplaneta que se localiza nela estaria submetido a fortes efeitos de maré, pelo fato de estar relativamente perto de sua estrela. Estudos demonstram que para que haja a estabilidade, sem condensação atmosférica de exoplanetas que orbitam anãs de tipo M, é necessário pelo menos 0,1 bar de CO2. Os efeitos de marés também influenciam na habitabilidade dos exoplanetas, porque através da proximidade de um exoplaneta de sua estrela, eles podem migrar para fora da Zona Habitável.
Barnes et al. mostrou que exoplanetas que têm excentricidades maiores que 0,5 podem sofrer uma evolução orbital, afetando na habitabilidade em razão da distância de sua estrela, além de existirem estudos que mostram que exoplanetas terrestres que orbitam estrelas anãs com pouca massa têm suas órbitas circularizadas em menos de 109 anos (1 Ga). Um estudo de Heath et al. (1999) nos revelou que seria improvável que raios UV ameacem a vida em um planeta diretamente, já as ejeções de massa coronal podem ameaçar um planeta sem campo magnético.
Artigo: https://arxiv.org/ftp/arxiv/papers/1006/1006.0022.pdf