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21 de dezembro de 2024

Química, Física e Medicina: confira os vencedores do Nobel 2016

Por Yara Laiz Souza

Esta semana foram anunciados os vencedores do Prêmio Nobel das áreas de Ciências Exatas e Médicas. Física, Medicina e Química tiveram trabalhos surpreendentes premiados. Confira um pouco de cada trabalho e aproveite para ler e saber mais clicando nas palavras em azul.

Nobel de Física: uma nova porta para os estados da matéria

Matéria é tudo que tem átomos. Conhecemos a matéria em vários estados como o sólido, o líquido, o gasoso. Porém, existem alguns tipos de matéria que se comportam de uma maneira diferente, exótica. Estuda-los requer uma Matemática bastante avançada e a tecnologia futura será agraciada com esse tipo de matéria exótica.

Os matemáticos David Thousless, F. Duncan M. Haldane e Michael Kosterlitz J. utilizaram a topologia para estudar supercondutores, superfluidos e filmes magnéticos. A topologia é uma área da Matemática que descreve propriedades especiais não vistas ou percebidas de forma fácil. É como se fosse uma receita de bolo: você não tem noção dos ingredientes ou das mudanças que a massa passou até virar bolo se não estudar cada ingrediente e processo que levou ao resultado final.

O estudo começou nos anos 70 quando Kosterlitz e Thouless derrubaram uma teoria antiga que dizia que a supercondutividade não seria possível de acontecer em matérias finas. Nos anos 80, Thouless provou que camadas condutoras eletricamente carregadas e muito finas eram capazes de conduzir com perfeição diversas coisas como energia.

Através da topologia, eles conseguiram entender que a matéria é capaz de estar em estados diferentes dos convencionais e que isso será um ótimo aliado da tecnologia do futuro. Teremos baterias melhores, placas diversas melhores, equipamentos melhores.

Nobel de Química: as menores máquinas do mundo

Imagine uma máquina qualquer (um carro, um elevador, um carrinho de controle remoto, um computador). Nós somos capazes de controlar seus movimento seja acionando um botão, dando um comando, ligando na tomada ou adicionando gasolina. São máquinas controláveis. O Nobel de Química de 2016, concedido aos químicos Jean-Pierre Sauvage, Sir J. Fraser Stoddart e Bernard L. Feriga, fala sobre as menores máquinas do mundo feitas a partir da junção de várias moléculas. Adicionando energia, uma pessoa é capaz de controlar essas mini máquinas a fazer diversas tarefas.

Em 1983, Sauvage conseguiu ligar duas moléculas em forma de anel  para formar uma cadeia chamada de caténane. Sauvage utilizou ligações mais livres do que as normais para formar ligações mecânicas. Os anéis, entrelaçados entre si, cumpriam a função de um maquinário ajudando na execução de determinadas tarefas. Em 1999, um motor molecular foi desenvolvido por Feriga.

Os sistemas de máquinas moleculares são um avanço incrível para o surgimento de nano sistemas para a indústria. A utilização desse trabalho irá fortalecer a indústria de materiais, sensores e sistemas de armazenamento de energia como geradores e baterias.

Nobel de Medicina: desvendo um processo natural

Autofagia significa ‘comer a si próprio’ ou ‘uma parte sua’. Por bastante tempo, a autofagia das células era um processo ainda não entendido em sua totalidade. Nos anos 60, a autofagia das células foi observada. As células destruíam seus próprios conteúdos transformando em resíduos para serem reciclados pelos lissosomos. Após muitos experimentos no início dos anos 90, Yoshinori Ohsumi, vencedor do Nobel de Medicina de 2016, conseguiu desvendar um pouco mais desse processo observando leveduras.

A compreensão de como as células reciclam seu próprio conteúdo abriu os caminhos para a importância desse processo. A autofagia está ligada a processos de infecção e adaptação à fome, além de também está ligada ao processo de excluir partes da célula que estão apresentando mutações diminuindo, assim, as chances de um câncer surgir.

Oshumi mostrou que a autofagia celular fornece combustível rápido para vários blocos de energia que trabalham na renovação das partes celulares que sofreram o processo. Quando a célula está infectada por uma bactéria, por exemplo, a célula ‘come’ a parte em que está alojada a bactéria e degrada. A degradação fornece combustível para os blocos de energia que trabalham para reparar a parte da célula destruída. Em pouco tempo, a célula está regenerada e saudável.

 

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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