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Primeiras Imagens das Sondas STEREO Em Oposição Ao Sol Chegam a Terra e o Mostram Como Uma Esfera de Plasma Quente

No dia 6 de Fevereiro de 2011 as sondas gêmeas da NASA STEREO se moveram para posições opostas do Sol e estão agora enviando para a Terra de ininterrupta imagens da estrela como um todo – de frente e de trás.

“Pela primeira vez, nós poderemos observar atividade do Sol em toda a sua glória tridimensional”, disse Angelos Vourlidas, um membro da equipe de ciência do STEREO no Naval Research Laboratory em Washington, DC.

“Esse é um grande momento para física solar”, dise Vourlidas. “As sondas STEREO estão revelando o Sol como ele realmente é – uma esfera de plasma quente e com intrigantes campos magnéticos”.

Cada sonda STEREO fotografa metade da estrela e envia os dados para a Terra. Os pesquisadores combinam as duas observações para criar a esfera. Elas não são fotos regulares, contudo. Os telescópios das sondas STEREO  são ajustados para quatro comprimentos de onda da extrema radiação ultravioleta selecionados para traçar os aspectos fundamentais da atividade solar como as labaredas, tsunamis, e filamentos magnéticos. Nada escapa da atenção das sondas.

“Com dados como esses, nós podemos voar ao redor do Sol e ver o que acontece sobre o horizonte – sem deixar nossas mesas”, disse o cientista do programa STEREO Lika Guhathakurta sediada na sede da NASA. “Eu espero grandes avanços na física teórica do Sol e na previsão do tempo espacial”.

Considere o seguinte: no passado, uma mancha solar ativa poderia emergir no lado escuro do Sol completamente invisível da Terra. Então com a rotação do Sol, essa região se volta para o nosso planeta, enviando em nossa direção labaredas e nuvens de plasma com pouca atenção.

“Isso não mais vai acontecer, as atividades na região escura do Sol não mais nos pegará de surpresa. Graças as sondas STERO nós vamos saber o que está acontecendo”, disse Bill Murtagh, um pesquisador no Space Weather Prediction Center do NOAA em Boulder no Colorado.

A NOAA já está usando o 3D STEREO para modelar as ejeções de massa coronal, nuvens de plasma com bilhões de toneladas que são ejetadas pelo Sol, para melhorar a previsão do tempo espacial que é importante para as companhias aéreas, companhias de energia, operadores de satélite e outros consumidores. A visão completa do Sol deve melhorar ainda mais essas previsões.

Os benefícios dessa previsão não estão limitados a Terra.

“Com um bom modelo global, nós podemos rastrear as tempestades solares que são emitidas em direção aos outros planetas também”, aponta Guhathakurta. “Essa previsão é importante para as missões da NASA para Mercúrio, Marte, asteróides, cometas e outros corpos”.

A NASA vem construindo esse momento desde Outubro de 2006, quando as sondas STEREO deixaram a Terra, se separaram e assumiram suas posições em lados opostos do Sol. O dia 6 de Fevereiro de 2011 fica marcado como a data da oposição, ou seja, quando a STEREO-A e a STEREO-B estavam separadas por 180 graus, cada uma olhando para diferentes hemisférios solares.  Outra sonda da NASA o Solar Dynamics Observatory que fica em órbita da Terra também monitora o Sol, 24 horas por dia, 7 dias por semana. Trabalhando junto, o conjunto STEREO-SDO deve ser capaz de imagear o globo completo pelos próximos 8 anos.

A nova visão poderia revelar conexões anteriormente não observadas. No momento, os pesquisadores tem uma grande suspeita de que a atividade solar pode ser global, erupções em lados opostos do Sol que disparam e alimentam uma a outra. Agora os pesquisadores poderão estudar o fenômeno de verdade. A Grande Erupção de Agosto de 2010 tomou conta de aproximadamente 2/3 da superfície da estrela com dezenas de labaredas mutualmente interativas, ondas de choque, e filamento reverberantes. Boa parte dessa ação não pôde ser acompanhada da Terra mas seria bem visível com a frota formada pelo STEREO e pelo SDO.

“Existem muitos mistérios fundamentais sobre a atividade solar”, disse Vourlidas. “Monitorando o Sol como um todo, nós poderemos encontrar as peças que faltam para montar os quebra-cabeças ainda sem solução”.

Os pesquisadores dizem que essas primeiras imagens do Sol como um todo são apenas pistas do que está por vir. Filmes com cada vez mais resolução mais ação serão lançados em dias e semana daqui pra frente à medida que mais e mais dados sejam processados. Mantenham-se ligados que em breve teremos mais novidades.


Fonte:

http://www.nasa.gov/mission_pages/stereo/news/entire-sun.html

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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