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Post 500: Sonda Proba-2 Observa Eclipse do Espaço

No dia 11 de Julho de 2010 os astrônomos se reuniram principalmente na Ilha de Páscoa para acompanharem o eclipse total do Sol. Enquanto isso a 720 km de distância no espaço, a sonda Proba-2 da Agência Espacial Européia estava focada no mesmo alvo.

A órbita do microssatélite estava fora da passagem da totalidade, desse modo somente um eclipse parcial foi observado por ela, mas mesmo assim essa observação teve grande valor científico.

Esse eclipse na verdade foi o segundo observado pela Proba-2. O primeiro que ocorreu em 15 de Janeiro de 2010 aconteceu enquanto a sonda estava sendo ajustada. Desta vez, o satélite, equipado com um quarteto de instrumentos científicos que tem como objetivo estudar o Sol e o clima espacial estava totalmente operacional.

Enquanto a expedição dos astrônomos em terra estudavam a fina estrutura da coroa solar na luz visível, o telescópio SWAP da Proba-2 forneceu imagens da mesma feição, porém no comprimento de onda do ultravioleta extremo, ou EUV.

“A perspectiva de EUV do SWAP ajuda a traçar as estruturas magnéticas desde a sua origem na superfície solar até os locais mais acima”, diz Dan Seaton do Royal Observtory da Bélgica (ROB) que opera o SWAP.

“Pelo fato do SWAP ser sensível a um tipo de emissão da coroa – dos átomos altamente ionizados – o seu resultado ajuda os astrônomos a diferenciar as várias fontes de luz do eclipse para assim caracterizar o processo envolvido.

“As observações do SWAP foram coordenadas como parte de uma campanha científica internacional maior. Por exemplo, a Proba-2 apontou para uma direção diferente da do Sol um pouco antes e um pouco depois do eclipse para contribuir na composição de uma imagem de campo super aberto do EUV da coroa, buscando por aparentes vazios na coroa que possam ajudar no entendimento de seu comportamento.

Os astrônomos irão combinar as imagens do SWAP com observações feitas por telescópios na terra bem como com imagens de outros satélites como a sonda japonesa Hinode e o Solar Dynamics Observatory da NASA.

A sonda Proba-2 também usou outro instrumento de observação chamado LYRA, que registrou as chamadas curvas de extinção a medida que a Lua gradualmente obscurecia o Sol.

“A iluminação do Sol não é uniforme”, explica Marie Dominique do ROB. “O instrumento LYRA é um radiometro que registra a radiação do Sol não produzindo nenhuma imagem.

“Contudo, nós queremos saber como a luz é distribuída e como o sinal muda a medida que se aproxima da borda do Sol. Isso é chamado de “limbo de escuridão” ou neste caso “limbo de brilho”, pois nos dois comprimentos de onda mais curtos dos quatro observados vemos mais brilhante e não menos”.

Os resultado do LYRA serão comparados e integrados com os dados de imagem do SWAP, ela adiciona: “Em alguns canais durante o eclipse de Janeiro nós não conseguimos registrar a forma em V das curvas esperada a medida que a Lua move-se a frente do Sol. Ela mostra então sinais de regiões ativas no Sol”.

Outro par de instrumentos da sonda Proba-2 investigaram os efeitos do eclipse. A radiação solar ioniza camadas superiores da atmosfera da Terra, dando origem a ionosfera eletricamente carregada. Mas quando a sombra de um eclipse cai sobre a Terra um buraco efetivo é formado na ionosfera local.

Os instrumentos DSLP e TPMU mostram a variação do plasma dentro da ionosfera. Esses instrumentos realizam um conjunto especial de medidas.

“Esse evento nos dá oportunidade de estudar a resposta ionosférica para as alterações na radiação solar”, diz Stepan Stverak do Instituto Astronômico Theco.

“O DSLP trabalhou em um modo de explosão registrando as propriedades ionosféricas durante o eclipse, comparando os resultados com a ionosfera não perturbada antes e depois do evento”.

Todos os resultados estão também sendo conferidos com o microssatélite French Demeter, que é na verdade uma geração anterior aos modernos sensores de plasma colocados pela ESA no espaço.

Esse post marca a publicação de número 500 deste blog. Espero conseguir continuar publicando informações para todos vocês. Obrigado pela companhia.

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Fonte:

http://spacefellowship.com/news/art21368/proba-2-teams-up-with-solar-eclipse-watchers.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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