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O Terremoto e a Tsunami de 11 de Março de 2011 no Japão – M 8.9

Outro dia, outro terremoto, assim é a vida no Japão. Porém, hoje 11 de Março de 2011, um terremoto de magnitude 8.9 graus na escala Richter que se originou na costa de Honshu no Japão chamou a atenção até mesmo de um país e de uma população acostumada com os tremores. Esse evento com certeza será o principal de 2011, se não pela destruição, pois o país é muito bem preparado, mas sim pela escala.

Normalmente existem um ou dois sismos de magnitude 8 ou mias em um ano. E mesmo para um país como o Japão, que está familiarizado com os tremores, esse evento foi extraordinário.

Os livros de história mostram que desde 1891 sete terremotos com escala igual ou maior que 8 atingiram o Japão. E com grandes tremores sempre existem grandes tremores secundários e efeitos devastadores.

Seguindo o evento inicial de magnitude 8.9 que ocorreu às 14:46 hora local (05:46 GMT), uma sequência de tremores foi iniciada – seis deles no intervalo de uma hora e quinze minutos e todos maiores que o tremor que atingiu a Nova Zelândia. O maior tremor secundário teve magnitude de 7.1.

Os vídeos que invadiram os noticiários durante o dia são realmente fantásticos e dramáticos, com trabalhadores segurando suas mesas e vendo tetos e livros despencarem.

A tectônica nessa parte do mundo é claro, muito bem conhecida. Essa região é uma das mais sismicamente ativas do mundo. O Japão responde por cerca de 20% dos terremotos globais que atingem a Terra com magnitude igual ou maior que 6.0 e os sismógrafos registram em média um evento a cada cinco minutos.

O Japão localiza-se no infame Anel de Fogo, a linha de tremores frequentes e erupções vulcânicas que circulam virtualmente todo o anel do Pacífico.

Nessa local da Terra, a rocha densa que constitui o assoalho oceânico do Oceano Pacífico está sendo puxada para baixo (num fenômeno de subducção) do Japão à medida que se move para o oeste em direção a Eurasia. O epicentro foi no oceano, aproximadamente a 130 km da cidade de Sendai, mas a uma profundidade relativamente rasa abaixo do assoalho oceânico, apenas 24 km.

“O terremoto aconteceu na Trincheira do Japão que se estende grosseiramente na direção norte-sul e o sistema de falha mergulha de forma rasa para oeste na direção do Japão com ângulos aproximados entre 15 e 20 graus”, explicou o Dr. John Elliott do Centre for the Observation and Modelling of Earthquakes and Tectonics (COMET) na Oxford University no Reino Unido.

“Dado o tamanho do terremoto, provavelmente a falha teve uma ruptura de aproximadamente 500 km”.

“O terremoto anterior que provavelmente causou a ruptura da mesma seção da falha ocorreu em 1933 com uma magnitude de 8.4 graus (causando 3000 mortes) e com uma grande Tsunami associada”.

Como o deslizamento ocorre ao longo desses grandes comprimentos, o desvio do assoalho oceânico levanta uma grande massa de água ao longo da linha de falha, dando origem ao Tsunami – principalmente ao longo da linha perpendicular a falha, com menor intensidade nas direções ao longo do comprimento da falha.

Para o evento de 11 de Março de 2011, isso significa que o efeito para leste, na direção do Havaí será muito mais pronunciado do que para norte e para o sul.

O US-run Pacific Tsunami Warning Center disse que as amplitudes (a distância entre o topo e a base das ondas) chegou a 7.3 metros registradas na costa do Japão.

A agência de notícias japonesa Kyodo reportou que ondas de 10 metros atingiram o porto de Sendai, levando barco, veículos e outros detritos.

Mesmo no meio do oceano, as bóias especiais que avisam sobre os Tsunamis registraram ondas com amplitude de um metro, que são vistas como consideráveis.

Isso significa que as ondas atingirão todo o Oceano Pacífico, Filipinas, Havaí e talvez as costas da América do Norte e do Sul.

O que prenderá a atenção dos sismologistas nos próximos dias será  o grande número de eventos secundários relacionados com esse tremor.

Esses eventos começaram no dia 9 de Março de 2011 com um evento de magnitude 7.2 apenas a 40 km do tremor do dia 11 de Março de 2011 e continuou com três terremotos com magnitude superior a 6.0 no mesmo dia.

Em termos de atenção do público e de reações, esses tremores secundários poderiam despertar o interesse se as pessoas fossem lembradas que elas estavam supostamente prestes a enfrentar um evento maior.

Lembrando que a escala usada para medir os tremores não é simplesmente linear. Cada grau de magnitude é 32 vezes mais potente que o anterior. Como consequência, o tremor do dia 11 de Março de 2011 foi aproximadamente 250 vezes mais energético que os outros sismos registrados nos dias anteriores e aproximadamente 1400 vezes mais energético que o Grande Hanshin, ou como é chamado o terremoto de Kobe em 1995 que teve magnitude de 6.8.

O Japão teve aproximadamente 10 tremores desde 1900 que tiveram grandes resultados em termos de mortes e danos com algumas milhares de pessoas atingidas em cada vez.

“A exceção a isso é o Grande Kanto, o terremoto de 1923 em Tóquio, que matou 140000 pessoas”, disse o Dr. Elliot.

“O terremoto de Kobe em 1995 ocorrido no sul do Japão matou aproximadamente 6500 pessoas, mas foi diferente pois não ocorreu em uma região de subducção e foi sim localizado sob uma área populosa”.

Fontes:

http://blogs.agu.org/mountainbeltway/2011/03/11/japan-m8-9-quake-tsunami/

http://earthquake.usgs.gov/earthquakes/eqinthenews/2011/usc0001xgp/#details

http://www.newsdaily.com/stories/tre72a0ss-us-japan-quake/

http://www.bbc.co.uk/news/science-environment-12710999

 

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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