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O Longo Fim de Semana da Cassini: 9 Luas em 62 Horas

As Luas Dione e Réia.

Durante um longo fim de semana de turnê pelo espaço a sonda Cassini da NASA sobrevoou com sucesso nove luas de Saturno, enviando para a Terra imagens brutas que registram essa expedição repleta de adrenalina. A sonda enviou imagens particularmente intrigantes das luas Dione e Réia.

As imagens feitas de Dione e Réia são as de mais alta resolução já feitas sobre suas superfícies. As imagens da parte sul do hemisfério principal de Dione (neste caso hemisfério principal da lua é aquele que fica voltado ao contrário de Saturno durante a sua órbita) e a região equatorial do principal hemisfério de Réia são mais detalhadas do que da última vez que foi possível observar esses terrenos com a sonda Voyager da NASA no começo dos anos de 1980.

Das cinco grandes luas congeladas de Saturno, Dione e Réia são quase que consideradas como um par principalmente devido a proximidade das duas órbitas, são mais escuras que as outras e exibem padrões similares da luz que é refletida nelas. Essas novas imagens contudo, destacam diferenças entre as duas luas irmãs.

Ambas as imagens mostram regiões geográficas similares em cada um dos satélites. Contudo, os cientistas podem identificar diferenças nas histórias geológicas do dois corpos a partir das diferenças em relação ao número e tamanho das crateras visíveis em suas superfícies. O número e o tamanho das crateras na superfície dos corpos indica a idade da sua superfície, quanto mais crateras existem e quanto maiores elas são mais velha é a superfície.

Réia, por exemplo, mostra que sofreu um bombardeio intenso e antigo através da sua região. Contudo, a mesma região de Dione é dividida em áreas distintas  que exibem variações no número e no tamanho das crateras preservadas. Em particular, enquanto partes de Dione possui uma grande quantidade de crateras como Réia, existem outras regiões que são cobertas por planícies relativamente suaves. Essas áreas têm muitas crateras pequenas, mas algumas cicatrizes de crateras grandes, o que indica que elas são geologicamente mais jovens do que as áreas com uma grande quantidade de crateras. As planícies suaves devem ter sofrido um processo de restabelecimento de superfície em algum momento na história de Dione, um evento que parece não ter acontecido na história geológica de Réia, pelo menos desse lado do satélite.

Um terceiro satélite fotografado pela Cassini durante seu encontro de fim de semana foi Mimas, registrado um pouco antes de entrar na sombra atrás de Saturno. As imagens feitas nesse sobrevôo serão comparadas com mapas térmicos feitos no início do ano e que mostram um padrão semelhante ao pac-man.

O Satélite Mimas.

A Cassini também registrou imagens da pequena lua Palene com apenas 4 quilômetros de largura em frente ao planeta Saturno que tem mais de 120000 quilômetros de largura no seu equador.

O Satélite Palene em Frente ao Planeta Saturno.

A órbita elíptica da Cassini ao redor de Saturno significa que ela pode sobrevoar as luas do planeta aproximadamente uma ou duas vezes por mês. Os sobrevôos nessa turnê particular da Cassini foram considerados como sobrevôos não planejados, o que significa que os navegadores da sonda não refinaram a órbita da Cassini para sobrevoar pontos específicos de cada lua.

O longo fim de semana da Cassini em busca das luas de Saturno começou na Quinta-Feira, dia 14 de Outubro de 2010 às 5:07 p.m. UTC, quando ela passou pela maior lua de Saturno, Titã a uma altitude de 172368 km. Então vieram 21 horas nas quais a Cassini sobrevoou Polideuces a 116526 km, Mimas a 69950 km, Palene a 36118 km, Telesto a 48455 km, Methone a 105868 km, Aegaeon a 96754 km e Dione a 31710 km. O último satélite visitado pela Cassini foi Réia, a 38752 km, sobrevoou que aconteceu em 17 de Outubro de 2010 às 6:47 a.m. UTC.

Titã.

Imagem Antiga de Polideuces.

Imagem Antiga Mostrando Methone e demais satélites de Saturno.

Imagem Antiga do Satélite Telesto.

Antiga Imagem do Satélite Aegaeom Entre os Anéis de Saturno.

Os cientistas decidiram seguir com as observações que eles queriam fazer enquanto a sonda sobrevoava todas as luas. Eles escolheram então obter mais imagens de Titã, Mimas, Palene, Dione e Réia. Eles também conseguiram registrar informações térmicas de Mimas, Dione e Réia.

Fonte:

http://www.nasa.gov/mission_pages/cassini/whycassini/cassini20101019.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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