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O Dipolo CMB: Acelerando Através do Universo

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observatory_150105Como todos sabem a Terra não está em repouso. A Terra orbita ao redor do Sol. O Sol orbita ao redor do centro da Via Láctea. A Via Láctea orbita ao redor do Grupo Local de Galáxias. O Grupo Local cai em direção ao Aglomerado Virgo de Galáxias. Mas essas velocidades são menores do que a velocidade com a qual todos esses objetos juntos se movem com relação à radiação micro-ondas cósmica de fundo, ou CMBR. No mapa de todo o céu mostrado acima, feito a partir de dados do satélite COBE, a radiação na direção do movimento da Terra aparece desviada para o azul e então é mais quente, enquanto que a radiação na direção oposta é desviada para o vermelho e mais fria. O mapa indica que o Grupo Local se move a cerca de 600 quilômetros por segundo com relação à radiação primordial. Essa alta velocidade foi incialmente inesperada e a sua magnitude ainda não tem explicação. Por que estamos nos movendo tão rápido? O que está lá fora?

Fonte:

http://apod.nasa.gov/apod/ap140615.html


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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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  • "Se a proposta do novo estudo estiver correta, pelo menos metade do Grande Atrator está localizada a uma distância do grupo local de galáxias bem maior do que apontavam estimativas anteriores. A maioria dos trabalhos defende a ideia de que essa anomalia gravitacional é provocada por estruturas cósmicas mais próximas da Terra, situadas entre 150 milhões e 250 milhões de anos-luz. Antes e na direção de Shapley há um outro mega-agrupamento de galáxias e clusters de galáxias, o supercluster Hidra-Centauro, distante aproximadamente uns 200 milhões de anos-luz. Certos pesquisadores acreditam que a matéria responsável pelo efeito Grande Atrator se encontra em algum ponto desse supercluster, que é o mais próximo da Via Láctea. “Certamente, é possível que o supercluster Shapley forneça uma parte significativa do Grande Atrator, mas as evidências que vi até agora sugerem que uns dois terços do efeito total vêm de regiões mais próximas”, diz o astrofísico inglês Donald Lynden-Bell, da Universidade de Cambridge, um dos Sete Samurais que descobriram essa perturbação gravitacional.
    A equipe liderada por Dominique Proust, do Observatório de Paris, como era de esperar, não concorda com a visão do britânico. “O supercluster Hidra-Centauro está situado em frente ao Shapley, mas ele não poderia produzir o campo gravitacional necessário para justificar o deslocamento do grupo local de galáxias em sua direção”, pondera o astrofísico francês. “Esse movimento deve ser associado a uma estrutura com muito mais massa, o Shapley.” Laerte Sodré bate na mesma tecla. “O assunto não está resolvido, mas nosso estudo indica que o Shapley dá uma contribuição importante para o Grande Atrator”, afirma o pesquisador do IAG/USP. Na verdade, o artigo da Astronomy and Astrophysics sustenta a tese de que esse supercluster é muito maior do que se imaginava – portanto capaz de originar campos gravitacionais ainda mais fortes – e possui “pontes” que o ligam ao supercluster Hidra-Centauro, situado mais próximo da Via Láctea.
    Determinar a natureza do Grande Atrator é, sem dúvida, importante para a compreensão das estruturas que alteram os movimentos da Via Láctea, mas a relevância desse campo de estudos tem repercussões ainda mais fundamentais: pode ajudar a entender melhor as variáveis que atuam sobre a dinâmica do Universo, que, segundo a teoria mais aceita no meio científico, está se expandindo desde o Big Bang, a hipotética explosão primordial que teria criado o Cosmos há 13,7 bilhões de anos. Hoje há evidências de que a distribuição de matéria no Universo não é uniforme.
    Algumas regiões do espaço são aparentemente grandes vazios, sem matéria visível, enquanto outras apresentam enormes concentrações de estrelas e galáxias, dando origem a megaestruturas cósmicas, como os superclusters. Mesmo no interior dessas gigantes formações cósmicas a presença de matéria não é igual em todos os seus setores. Em outras palavras, não é fácil ter uma noção clara da densidade de todo o Universo ou mesmo de algumas de suas zonas. “Os modelos cosmológicos dependem muito desse tipo de dado”, afirma Proust. “Uma das questões atuais é descobrir por que parece faltar matéria no Universo.”
    A região do Cosmos que seria a fonte de metade do Grande Atrator não é exceção a essa regra. A parte visível de Shapley parece ser apenas a ponta do supercluster, acreditam os cientistas. No aparente vazio que existe entre seus milhares de galáxias deve haver muita matéria escura, um misterioso tipo de partícula que aparentemente não emite nem absorve luz. “Há mais ou menos sete vezes mais matéria escura que visível em Shapley”, estima Sodré. A existência desse tipo de matéria, aceita pela maioria dos astrofísicos, só pode ser inferida pela influência de seu campo gravitacional sobre corpos vizinhos.
    Se, por exemplo, o movimento de uma galáxia ou uma estrela é afetado em uma proporção não compatível com a massa visível dos objetos cósmicos em suas redondezas, essa perturbação costuma ser explicada pela presença, nessa região do espaço, de partículas invisíveis às formas diretas de observação cósmica. Até o final da década passada, cogitava-se que mais de 90% do Universo era composto por matéria escura. Desde então, com a descoberta da ainda mais intrigante energia escura, uma força que funcionaria como um contraponto à gravidade, afastando, em vez de atrair, a massa dos corpos celestes, a quantidade de matéria escura passou a ser calculada em cerca de 23% do total do Universo (a matéria visível responderia por meros 4% do Cosmos e a energia escura, por 73%). Se esse raciocínio estiver correto, Shapley, o coração do Grande Atrator, é possivelmente um dos pontos do Universo local com mais matéria e energia escuras." http://revistapesquisa.fapesp.br/2005/12/01/o-gra

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