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27 de novembro de 2024

Novo Mapa Feito Pela NASA Revela o Armazenamento de Carbono nas Florestas Tropicais

Uma pesquisa liderada por uma equipe da NASA usou uma grande variedade de satélites para criar o mapa mais preciso já produzido até hoje que mostra a quantidade e a localização do carbono armazenado nas florestas tropicais da Terra. Espera-se que os dados forneçam uma base para a futura pesquisa de monitoramento e que servirá como uma fonte para administrar o gás do efeito estufa dióxido de carbono.
O novo mapa, criado a partir de dados obtidos na Terra e no espaço, mostra pela primeira vez a distribuição do carbono armazenado nas florestas em mais de 75 países tropicais. A maior parte desse carbono está armazenado nas extensas florestas tropicais da América Latina.

“Esse é mapa que pode ser usado como base para comparação no futuro quando a cobertura das florestas e o estoque de carbono mudar”, disse Sassan Saatchi do Laboratório de Propulsão a Jato em Pasadena na Califórnia, que liderou a pesquisa. “O mapa mostra não somente a quantidade de carbono armazenada nas florestas, mas também a precisão da estimativa”. O estudo foi publicado na edição de 30 de Maio do Proceedings of the National Academy of Sciences.

O desflorestamento e a degradação da floresta contribui entre 15 e 20% das emissões globais de carbono, e a maior contribuição vem das regiões tropicais. As florestas tropicais armazenam grande quantidade de carbono na madeira e na raiz de suas árvores. Quando as árvores são cortadas e decompõem, ou são queimados, o carbono é lançado para a atmosfera.

Estudos prévios estimaram a quantidade de carbono armazenada nas florestas em escalas locais e globais dentro de um único continente, mas não existe uma maneira sistemática de se observar todas as florestas tropicais. Para medir o tamanho das árvores, os cientistas normalmente usam medidas feitas em terra, que dão uma boa estimativa de quanto carbono elas possuem. Mas essa técnica é limitada pois a estrutura da floresta é extremamente variável e o número de locais que existem para se fazer essas medidas é limitado.

Para chegar no resultado desejado, ou seja, um mapa do carbono que cobre três continentes a equipe usou dados do instrumento Geoscience Laser Altimeter System Lidar do satélite ICESat da NASA. Os pesquisadores coletaram informações no topo das árvores com mais de 3 milhões de medidas. Com a ajuda de dados correspondentes coletados em terra, eles calcularam a quantidade de biomassa acima da superfície e a quantidade de carbono contida nessa biomassa.

A equipe então extrapolou esses dados sobre variadas paisagens para produzir um mapa, usando dados de imagem do Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (MODIS), instrumento que viaja a bordo do satélite Terra da NASA, além disso usaram medidas do Scatterometer do satélite Quicksat e o Shuttle Radar Topography Mission.


O mapa revela que no começo dos anos 2000 as florestas em 75 países tropicais estudados continham 247 bilhões de toneladas de carbono. Para se ter como perspectiva, aproximadamente 10 bilhões de toneladas de carbono está sendo lançada na atmosfera pela queima combinada de combustíveis fósseis e pelas mudanças no uso da terra.

Os pesquisadores encontraram que as florestas da América Latina abrigavam 49% do carbono das florestas tropicais do mundo. Por exemplo, só o estoque de carbono no Brasil de 61 bilhões de toneladas é quase igual a todo o estoque de carbono da aÁfrica abaixo do Saara que é de 62 bilhões de toneladas.

“Esses padrões no armazenamento de carbono, que nós realmente não conhecíamos antes, depende do clima, do solo, da topografia e da história humana ou natural de perturbação das florestas”, disse Saatchi. “Áreas muito impactadas pelos distúrbios humanos ou naturais possuem um armazenamento de carbono menor”.

Os números do carbono juntamente com a informação sobre a incerteza das medidas, são importantes para os países planejarem a participação no programa Reducing Emissions from Deforestation and Degradation (REDD+). O REDD+ é um esforço internacional para criar um valor financeiro para a armazenagem do carbono nas florestas. Esse programa oferece incentivos para os países que preservarem suas florestas com o objetivo de reduzir as emissões de carbono e investirem no desenvolvimento de métodos de baixo carbono.

O mapa também fornece uma melhor indicação da saúde e longevidade das florestas e como elas contribuem para o ciclo global do carbono e o funcionamento geral do sistema da Terra. A próxima etapa na pesquisa de Saatchi é comparar o mapa de carbono com observações de satélite sobre o desflorestamento para assim identificar localizações das fontes de emissão de dióxido de carbono para a atmosfera.

Fonte:

http://www.jpl.nasa.gov/news/news.cfm?release=2011-165

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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