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12 de dezembro de 2024

NENHUM BURACO NEGRO PERTO DA TERRA, TEMOS SIM VAMPIRISMO ESTELAR!!!

INSCREVA-SE AGORA NO CIÊNCIA SEM FIM: https://www.youtube.com/c/Ci%C3%AAnciaSemFim INSCREVA-SE AGORA NO AMPLIFICA: https://www.youtube.com/channel/UCS0SdwiREKYj7qs3uA0nUXA Em 2020 uma equipa liderada por astrónomos do Observatório Europeu do Sul (ESO) anunciou a descoberta do buraco negro mais próximo da Terra, situado a apenas 1000 anos-luz…

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Em 2020 uma equipa liderada por astrónomos do Observatório Europeu do Sul (ESO) anunciou a descoberta do buraco negro mais próximo da Terra, situado a apenas 1000 anos-luz de distância no sistema HR 6819. No entanto, estes resultados foram contestados por outros grupos de investigadores, entre eles uma equipa internacional sediada na KU Leuven, Bélgica. Num artigo publicado hoje, as duas equipas uniram-se para anunciar que, de facto, não existe nenhum buraco negro em HR 6819, que é, em vez disso, um sistema “vampiro” de duas estrelas num estágio raro e de curta duração da sua evolução.

O estudo original de HR 6819 recebeu especial atenção por parte tanto da imprensa como dos cientistas. Thomas Rivinius, astrónomo do ESO no Chile e autor principal do artigo na época, não ficou surpreendido com a reação da comunidade astronómica à sua descoberta do buraco negro. “Não só é normal, como é desejável que os resultados sejam bem escrutinados,” disse ele, “e um resultado que chega a notícia de primeira página ainda mais.”

Rivinius e colegas estavam convencidos que a melhor explicação para os dados que tinham obtido, com o telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, era que HR 6819 fosse um sistema triplo, com uma estrela a orbitar um buraco negro a cada 40 dias e uma segunda estrela numa órbita muito mais afastada. No entanto, um estudo liderado por Julia Bodensteiner, enquanto estudante de doutoramento na KU Leuven, Bélgica, propôs uma explicação diferente para os mesmos dados: HR 6819 podia ser também um sistema com apenas duas estrelas numa órbita de 40 dias e sem nenhum buraco negro. Este cenário alternativo necessitaria que uma das estrelas estivesse “despida”, ou seja, que numa fase anterior, tivesse perdido uma enorme fracção da sua massa para a outra estrela.

“Tínhamos chegado ao limite dos dados existentes, por isso tivemos que nos virar para uma estratégia observacional diferente para decidir entre os dois cenários propostos pelas duas equipas,” disse a investigadora da KU Leuven, Abigail Frost, que liderou o novo estudo publicado hoje na revista da especialidade Astronomy & Astrophysics.

Para resolver este mistério, as duas equipas trabalharam em conjunto no sentido de obterem dados mais nítidos de HR 6819, usando para isso o Very Large Telescope (VLT) do ESO e o Interferómetro do VLT (VLTI). “O VLTI era a única infraestrutura que nos podia dar dados conclusivos necessários para distinguir entre os dois cenários,” disse Dietrich Baade, autor tanto do estudo original de HR 6819 como do novo artigo na Astronomy & Astrophysics. Uma vez que não fazia sentido pedir a mesma observação duas vezes, as duas equipas juntaram-se, o que permitiu que partilhassem competências e conhecimentos entre si com o objetivo de descobrirem a verdadeira natureza deste sistema.

“Os cenários que procurávamos eram bastante claros, diferentes e facilmente distinguíveis usando o instrumento certo,” disse Rivinius. “Concordávamos que havia duas fontes de luz no sistema, por isso a questão era saber se orbitavam em torno uma da outra descrevendo órbitas próximas, como no cenário da estrela “despida”, ou se, pelo contrário, se encontrariam afastadas uma da outra, como no cenário do buraco negro.”

Para distinguir entre as duas hipóteses, os astrónomos usaram os instrumentos GRAVITY, montado no VLTI, e MUSE (Multi Unit Spectroscopic Explorer), do VLT do ESO.

“O MUSE confirmou que não existe nenhuma companheira brilhante numa órbita mais afastada, enquanto a resolução espacial do GRAVITY foi capaz de distinguir duas fontes brilhantes separadas por apenas um terço da distância entre a Terra e o Sol,” disse Frost. “Assim, estes dados provaram ser a peça final do puzzle e permitiram-nos concluir que HR 6819 é um sistema sem buraco negro.”

“A nossa melhor interpretação até à data é que estamos a observar este sistema binário pouco tempo depois de uma das estrelas ter “sugado” a atmosfera da sua estrela companheira. Trata-se de um fenómeno comum em sistemas binários próximos referido por “vampirismo estelar”,” explica Bodensteiner, atualmente bolseira do ESO, na Alemanha, e membro da equipa que levou a cabo o novo estudo. “Ao mesmo tempo que a estrela dadora se viu “despida” de algum do seu material, a estrela recetora começou a girar mais rapidamente.”

FONTE:

https://www.eso.org/public/brazil/news/eso2204/

#ESO #STELLARVAMPIRSM #BLACKHOLE

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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