fbpx
26 de dezembro de 2024

Missão Kepler da NASA Descobre Primeiros Planetas do Tamanho da Terra Fora do Sistema Solar


A missão Kepler da NASA descobriu e acabou de anuncia os primeiros planetas do tamanho da Terra, orbitando uma estrela parecida com o Sol, fora do nosso Sistema Solar. Os planetas, chamados de Kepler 20e e Kepler-20f, estão bem próximos da sua estrela para estarem na chamada zona habitável, onde a água poderia existir em estado líquido, mas eles são os menores exoplanetas já descobertos ao redor de uma estrela parecida com o Sol.

A descoberta marca um próximo importante marco na busca por planetas parecidos com a Terra. Acredita-se que os novos planetas sejam rochosos. O Kepler-20e é um pouco menor que Vênus, medindo 0.87 do diâmetro da Terra. Já o Kepler-20f é um pouco maior que a Terra, medindo 1.03 vezes o raio da Terra. Ambos os planetas residem num sistema quíntuplo de planetas, chamado de Kepler-20 que está localizado a aproximadamente 1000 anos-luz de distância da Terra na direção da constelação de Lyra.

O Kepler-20e orbita sua estrela mãe a cada 6.1 dias e o Kepler-20f a cada 19.6 dias. Esse período orbital muito curto significa que estamos falando de mundos, quentes e inóspitos. O Kepler-20f, tem uma temperatura de 427 graus Celsius que é similar à média de temperatura em Mercúrio. Já a temperatura superficial do Kepler-20e é ainda maior, alcançando os 760 graus Celsius, temperatura essa que derreteria até mesmo vidro.

“O principal objetivo da missão Kepler é encontrar planetas do tamanho da Terra na chamada zona habitável”, disse Francois Fressin do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics em Cambridge, Mass., e principal autor do novo estudo publicado na revista Nature e que você encontra na íntegra ao final desse post. “Essa descoberta demonstra pela primeira vez que planetas do tamanho da Terra existem ao redor de outras estrelas e que nós somos capazes de detectá-los”.

O sistema Kepler-20 inclui três outros planetas que são maiores que a Terra, mas menores que Netuno. O Kepler-20b, o planeta mais próximo, o Kepler-20c, o terceiro planeta, e o Kepler-20d, o quinto planeta, orbitam a estrela mãe com períodos de 3.7, 10.9 e 77.6 dias, respectivamente. Todos os cinco planetas possuem órbitas que caberiam tranquilamente dentro da órbita de Mercúrio se comparado com o nosso Sistema Solar. A estrela mãe desse sistema, pertence à mesma classe G do nosso Sol, embora ela seja um pouco menor e mais fria.

O sistema tem um arranjo inesperado. No nosso Sistema Solar, mundos pequenos e rochosos possuem uma órbita mais próxima do Sol, enquanto que os mundos gasosos ficam mais afastados.
Em comparação, os planetas do sistema Kepler-20 são organizados em tamanhos alternados dos planetas: grande, pequeno, grande, pequeno e grande.

“Os dados do Kepler estão nos mostrando alguns sistemas planetários com arranjos de planetas bem diferente do que observamos no nosso Sistema Solar”, disse Jack Lissauer, cientista planetário e membro da equipe científica do Kepler no Ames Research Center da NASA em Moffett Field, Califórnia. “As análises dos dados do Kepler continuam a revelar novas ideias sobre a diversidade de planetas e de sistemas planetários que podemos encontrar na nossa galáxia”.

Os cientistas não estão certo sobre como o sistema se desenvolveu, mas eles não pensam que os planetas se formaram em suas localizações atuais. Eles teorizam que os planetas se formaram distante da estrela e então migraram para perto dela, provavelmente através de interações com o disco de material do qual eles se originaram. Isso faz com que os planetas mantenham um espaçamento regular, apesar dos tamanhos alternados.

O Telescópio Espacial Kepler detecta planetas e candidatos a planetas medindo as pequenas variações no brilho de mais de 150000 estrelas, procurando por planetas que cruzam o disco da estrela, ou como é dito no jargão astronômico transitam em frente à estrela. A equipe de ciência do Kepler necessita de no mínimo três trânsitos para verificar o sinal como sendo o de um exoplaneta.

A equipe de ciência do Kepler usa telescópios baseados em Terra e o Telescópio Espacial Spitzer para rever as observações de candidatos a planetas feitas pelo Kepler. O campo de estrelas onde o Kepler faz a sua varredura fica nas constelações de Cygnus e Lyra, região que só pode ser observada da Terra na primavera e no começo do outono. Os dados dessas outras observações ajudam a determinar que candidato pode ser validado então como um planeta.

Para validar o Kepler-20e e o Kepler-20f, os astrônomos usaram um programa de computador chamado de Blender, que roda simulações que ajudam a determinar outros fenômenos astrofísicos importantes para a definição de um planeta.

No dia 5 de Dezembro de 2011, a equipe já havia anunciado a descoberta do Kepler-22b localizado na zona habitável de sua estrela. Provavelmente ele é muito grande para ter uma superfície rochosa. Já o Kepler-20e e o Kepler-20f são do tamanho da Terra, mas estão muito próximos da estrela para que tenha água líquida em suas superfícies.

“No jogo cósmico de esconde-esconde, encontrar planetas com o tamanho certo e com a temperatura correta parece ser somente uma questão de tempo”, disse Natalie Batalha, vice líder da equipe de ciência do Kepler e professora de astronomia e física na Universidade Estadual de San José. “Nós estamos na ponto das nossas cadeiras sabendo que as descobertas mais importantes do Kepler ainda estão por vir”.

O Ames Research Center da NASA em Moffett Filed, Califórnia, administra o desenvolvimento do sistema de terra do Kepler, opera a missão e analisa os dados. O JPL gerencia o desenvolvimento da missão Kepler.

Para mais informações sobre a missão Kepler e para ver o kit digital de imprensa visite: http://www.nasa.gov/kepler.

Kepler earth size

View more documents from Sergio Sancevero

Nature10780

View more documents from Sergio Sancevero

Fonte:

http://www.jpl.nasa.gov/news/news.cfm?release=2011-390&cid=release_2010-390&msource=11390&tr=y&auid=10047609


Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

Veja todos os posts

Arquivo