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Missão Dawn da NASA Revela Segredos do Gigantesco Asteroide Vesta – A História Completa

A sonda Dawn da NASA tem presenteado os pesquisadores com as primeiras análises orbitais do gigantesco asteroide Vesta, dando novas ideias sobre a criação e o parentesco com os planetas terrestres e com a Lua.

O Vesta tem se revelado como um fóssil especial do início do Sistema Solar com uma superfície mais diversa e variada do que se pensava originalmente. Os cientistas confirmaram de diversas maneiras que o Vesta lembra mais um pequeno planeta ou até mesmo a Lua da Terra do que outro asteroide. Os resultados estão publicados na edição da revista Science.

“A visita da sonda Dawn ao asteroide Vesta tem confirmado nossas vastas teorias sobre a história desses asteroides gigantes, ao mesmo tempo que tem vem nos ajudando a preencher os detalhes que seriam impossíveis de se saber à distância”, disse Carol Raymond, vice pesquisadora principal do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, na Califórnia. “A residência da sonda Dawn no Vesta por aproximadamente um ano têm feito com que as qualidades do asteroide parecido com um planeta óbvias e nos mostrado a nossa conexão com esse pedaço de fóssil cósmico no nosso céu”.

Os cientistas agora enxergam o Vesta como um bloco fundamental planetário, cheio de camadas com um núcleo de ferro, o único conhecido a sobreviver aos dias iniciais do nosso Sistema Solar. A complexidade geológica do asteroide pode ser atribuída ao processo que separou o asteroide em uma crosta, um manto e núcleo de ferro com um raio de aproximadamente 110 quilômetros a aproximadamente 4.56 bilhões de anos atrás. Os planetas terrestres e a nossa Lua se formaram de uma maneira semelhante.

A sonda Dawn, observou um padrão de minerais expostos pelas profundas cicatrizes criadas pelos impactos de rochas espaciais, que podem apoiar a ideia de que o asteroide em algum momento da sua existência teve um oceano de magma na sua subsuperfície. Um oceano de magma ocorre quando um corpo se derrete quase que completamente levando à geração das camadas de blocos fundamentais que podem formar os planetas. Outros corpos com oceano de magma acabaram fazendo parte da Terra e de outros planetas.

Os dados também confirmam um distinto grupo de meteoritos encontrados na Terra que em teoria se originaram do Vesta. As assinaturas do piroxênio, um mineral rico em ferro e em magnésio, nesses meteoritos se ajustam com essas rochas na superfície do Vesta. Esses objetos somam cerca de 6% de todos os meteoritos observados caindo na Terra.

Isso faz do asteroide uma das maiores fontes únicas de meteoritos da Terra. As descobertas também marcam a primeira vez que uma sonda foi capaz de visitar a fonte de amostras identificadas na Terra.

Os cientistas sabem agora que a topografia do Vesta é bem variada e acidentada. Algumas crateras no Vesta se formaram em taludes bem inclinados e tem escorregamentos aproximadamente verticais, com deslizamentos ocorrendo de maneira mais frequente do que o esperado.

Outra descoberta inesperada foi o fato do pico central do asteroide na Bacia Rheasilvia no hemisfério sul do asteroide ser muito maior e mais largo com relação ao tamanho da cratera do que os picos centrais das crateras encontradas em outros corpos do Sistema Solar como a Lua. O Vesta também apresenta semelhanças com outros mundos de baixa gravidade como as pequenas luas geladas de Saturno, e a sua superfície tem marcas claras e escuras que não se ajustam aos padrões previstos na Lua da Terra.

“Nós sabemos muito sobre a Lua e só estamos começando a aprender as coisas agora sobre o Vesta”, disse Vishnu Reddy, um membro da equipe da câmera de enquadramento da sonda Dawn no Max Planck Institute for Solar System Research na Alemanha e da Universidade de Dakota do Norte em Grand Forks. “Comparando os dois temos uma linha de tempo e a história de como esses gêmeos se desenvolveram no início do Sistema Solar”.

A sonda Dawn tem revelado detalhes das colisões que estão acontecendo no Vesta através de toda a sua história. Os cientistas da sonda Dawn agora podem datar os dois impactos gigantes que atingiram o hemisfério sul do Vesta e criaram a Bacia Veneneia a aproximadamente 2 bilhões de anos atrás e a Bacia Rheasilvia a aproximadamente 1 bilhão de anos atrás. A Rheasilvia é a maior bacia de impacto no Vesta.

“As grandes bacias de impacto na Lua são bem antigas”, disse David O’Brien, um cientista participante da sonda Dawn no Planetary Science Insitute em Tucson no Arizona. “O fato de que a maior bacia de impacto no Vesta é bem jovem é algo surpreendente”.

Fonte:

http://www.jpl.nasa.gov/news/news.cfm?release=2012-132&cid=release_2012-132&msource=12132#7

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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