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Material Ejetado Magnetizado na Lua

A Lua não tem um campo magnético global, mas possui um grande número de locais onde existe um determinado magnetismo, na sua maioria associados com o redemoinho de Reiner Gamma. Embora algum mecanismo exótico tenha sido proposto para explicar a concentração magnética, nenhum tem sido completamente aceito. Agora, Mark Wieczorek e seus colegas têm uma nova ideia. Eles notaram que muitas das anomalias magnéticas da Lua estão localizadas perto da Bacia Aitken do Polo Sul e podem ser causadas por material ejetado durante a formação da gigantesca bacia. Um problema é que o material lunar tem pouco ferro metálico e só pode se tornar fracamente magnetizado. Mas se o projétil que se chocou com a Lua e que formou a gigantesca bacia era rico em ferro ele poderia ter se misturado com o material ejetado e poderia tornar-se magnetizado à medida que se esfriava, se um campo magnético global existisse. Muitos tipos de meteoritos têm quantidades significantes de ferro metálico, então esse planetesimal que atingiu a Lua a 4.4 bilhões de anos atrás também pode ter tido. Por essa interpretação os pontos de magnetismo concentrado são locais onde o material ejetado rico em ferro aterrissou e à medida eles resfriaram foram magnetizados por um campo magnético lunar anterior. Simulações de computadores feitas por Mark e seus amigos mostraram que um projétil de 200 km de largura atingiu a Lua a uma velocidade de 15 km/s com um ângulo de 45º poderia explicar a distribuição observada dos pontos de concentração de magnetismo. O projétil teria vindo de sul, o que está de acordo com a forma alongada na direção norte-sul da Bacia Aitken e a concentração dos pontos de magnetismo ocorrem ao norte da bacia. Esse é um belo estudo, mas um dos pontos mais fortes de concentração de magnetismo segue o Sirsalis Rille. Essa anomalia foi anteriormente interpretada como uma assinatura magnética de um dique vertical que gerou a ranhura. É difícil aceitar que o ajuste entre o ponto magnetizado da Sirsalis com a ranhura seja coincidência, ou que a formação da Bacia Aitken não tem nada a ver com a ranhura mais jovem. Mas essa nova ideia é animadora e pode finalmente explicar o ponto de concentração magnética da Sirsalis Rille e muitas outras peculiaridades do magnetismo lunar.

Fonte:

https://lpod.wikispaces.com/March+12%2C+2012

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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