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Marcas nas Dunas Marcianas Podem Ser Rastros de Pedaços de Gelo Seco

gelo_seco_marte_01

observatory_150105Uma pesquisa feita pela NASA indica que pedaços de dióxido de carbono congelado, ou seja, gelo seco podem deslizar pelas paredes das dunas em colchões de gás similares a hovercrafts miniaturas, criando sulcos por onde eles passam.

Os pesquisadores deduziram que esse processo poderia explicar uma enigmática classe de valas vistas nas dunas de areia em Marte, ao examinarem imagens feitas pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) da NASA e realizando experimentos nas dunas de areia na Terra, mais especificamente em Utah e na Califórnia.

“Eu sempre sonhei em ir a Marte”, disse Serina Diniega, uma cientista planetária do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, na Califórnia, e líder do artigo publicado na revista Icarus. “Agora eu sonho em descer de snowboard por uma duna marciana em um bloco de gelo seco”.

As marcas nas paredes das colinas em Marte, chamadas de valas lineares, mostram uma largura relativamente constante, variando de alguns centímetros a poucos metros, com bancos soerguidos ao longo de seus flancos. Diferente das valas causadas pelo fluxo de água na Terra e possivelmente em Marte, elas não possuem leques de detritos no final da descida da parede das dunas . Na verdade, ao invés disso, muitas possuem cavidades no final.

“No fluxo de detritos, nós temos a água carregando o sedimento colina abaixo e o material erodido do topo é carregado para a base e depositado como leque”, disse Diniega. “Em valas lineares, nós não temos transporte de material. Nós temos uma vala sendo esculpida, empurrando material para os lados”.

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As imagens feitas com a câmera High Resolution Imaging Science Experiment, ou HiRISE da sonda MRO mostra as dunas de areia com valas lineares cobertas pelo dióxido de carbono congelado durante o inverno marciano. A localização das valas lineares está  nas dunas que passam o inverno marciano cobertas pelo dióxido de carbono congelado. Comparando imagens feitas antes e depois em diferentes estações, os pesquisadores determinam que as valas são formadas durante a primavera. Algumas imagens até mesmo registraram objetos brilhantes nas valas.

Os cientistas teorizam que os objetos brilhantes sejam pedaços de gelo seco que se quebraram de pontos mais altos do talude. De acordo com as novas hipóteses, as cavidades poderiam resultar de blocos de gelo seco completamente sublimados formando gás dióxido de carbono depois que eles pararam de viajar pelas paredes das dunas.

“As valas lineares não se parecem com as valas na Terra ou com outros tipos de valas em Marte, e esse processo não acontece na Terra”, disse Diniega. “Nós não temos blocos de gelo seco na Terra, a menos que você os compre”.

Isso é exatamente o que relatou a coautora Candice Hansen, do Planetary Science Institute em Tucson, no Arizona. Hanse tem estudado outros efeitos do gelo de dióxido de carbono sazonal em Marte, como as feições em forma de aranha que resultam de liberações explosivas do gás dióxido de carbono aprisionado abaixo de um lençol de gelo seco que é liberado à medida que esse gelo derrete na primavera. Ela idealizou uma regra para o gelo seco que forma as valas lineares, então ela comprou alguns pedaços de gelo seco num supermercado e os deslizou em algumas dunas de areia na Terra.

Nesse dia e em alguns outros experimentos, o dióxido de carbono gasoso do gelo manteve uma camada lubrificada sob o pedaço de gelo seco e também empurrou a areia para o lado em pequenos depósitos de transbordamento à medida que o pedaço de gelo seco deslizava pelos taludes até de ângulos baixos.

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Os testes de campo não simularam a temperatura e a pressão na superfície marciana, mas os cálculos indicam que o gelo seco agiria de maneira similar no começo da primavera marciana onde as valas lineares se formaram. Embora o gelo de água, também possa sublimar diretamente para gás nas condições de Marte, ele se manteria congelado nas temperaturas que as valas se formaram, de acordo com os cálculos dos pesquisadores.

A sonda MRO está mostrando que Marte é um planeta muito ativo, disse Hansen. “Alguns dos processos vistos em Marte são como os processos na Terra, mas esse em especial é uma categoria única de processo só visto em Marte”.

Hansen também notou que o processo poderia ser único para as valas lineares descritas nas dunas de areia de Marte.

“Existem uma variedade de diferentes tipos de feições em Marte que algumas vezes ficam amontoados como as valas, mas eles são formados por diferentes processos”, disse ela. “Só porque essa hipótese do gelo seco parece uma boa explicação para um tipo não significa que ela possa ser aplicada a todos os outros processos”.

O Laboratório Lunar e Planetário da Universidade do Arizona opera a câmera HiRISE, que foi construída pela Ball Aerospace & Technologies Corp. de Boulder, Colorado. O JPL, uma divisão do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, gerencia a sonda MRO para o Science Mission Directorate da NASA em Washington. A empresa Lockheed Martin Space Systems em Denver construiu o módulo orbital MRO.

Para ver imagens das valas lineares e obter mais informações sobre a sonda MRO visite: http://www.nasa.gov/mro.

Para mais informações sobre a HiRISE, visite: http://hirise.lpl.arizona.edu.

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Fonte:

http://www.jpl.nasa.gov/news/news.php?release=2013-200

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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