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Lendo As Anomalias de Gravidade da Missão GRAIL na Lua

LPOD-Jan13-13

observatory_150105Uma das primeiras e mais profundas descobertas geofísicas sobre a Lua foi granulosidade de seu campo gravitacional. Os centros de algumas bacias de impacto fortemente puxavam as sondas que ali passavam. Isso implica diretamente num excesso de massa associada com as bacias. Acreditava-se que essas concentrações de massas, ou os chamados mascons (leia o artigo abaixo para entender melhor o que são os mascons), eram causadas pelos densos fluxos de lava  que preencheram algumas bacias como a Imbrium, e talvez também por um soerguimento do manto lunar sob essas bacias. Pelo fato dos mares lunares serem normalmente finos, com centenas de metros em espessura, exceto no centro das bacias, onde os fluxos de lava se acumularam e as profundidades alcançaram alguns quilômetros, normalmente se considerava que o soerguimento do manto é a principal causa dos mascons. Com os dados de gravidade muito mais precisos obtidos pela missão GRAIL, talvez exista em breve novos e melhores modelos para explicar os mascons. Na imagem mostrada acima, o excesso de massa (indicado em vermelho) é visto como se localizando inteiramente dentro dos picos isolados e das cadeias de mares que definem o anel interno da bacia Imbrium. Essa é a área onde o mar é mais espesso, pode-se notar a ausência de crateras se compararmos com a região vermelha fora dessa região, dando assim apoio à ideia de que a massa dos mares é mais importante do que o soerguimento do manto. O Mar Serenitatis ali próximo é diferente, seus mascons ocupam essencialmente todo o assoalho da bacia, com somente uma estreita faixa (verde e amarela) na parte norte e leste. Ainda não se sabe ao certo quais das interpretações isso suporta. Pode-se notar a pequena anomalia positiva perto da Prinz e no lado sul do Platô de Aristarchus. Essas anomalias estão provavelmente associadas com o congelamento do magma em subsuperfície que soergueu essas duas áreas e criou os canais sinuosos. Outra anomalia positiva está sobre o Marius Hills, novamente, provavelmente essa anomalia não se deve à massa da lava na superfície mas a uma câmara subterrânea de magma que alimentou as erupções. Finalmente, podemos olhar a anomalia vermelha sobre a Hyginus e seus canais, mas não a associada com a Ariadaeus Rille. Essa anomalia faz sentido pois a Hyginus é provavelmente uma caldeira e as erupções vulcânicas estão associadas com a sua ranhura. A Ariadaeus não mostra sinais de vulcanismo associado, ela parece ser puramente uma feição tectônica. Vamos esperar os modelos reais para vermos o quanto dessas especulações se ajustam à realidade.

Fonte:

http://lpod.wikispaces.com/January+13%2C+2013

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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