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Herschel Pesquisa Galáxias Distantes

Os últimos dados lançados pelo Observatório Espacial Herschel da Agência Espacial Européia (ESA) oferecem uma nova luz no que diz respeito a ocupação das galáxias no universo distante.

Parte do projeto denominado Multi-tiered Extragalactic Survey (HerMES), que usa o instrumento SPIRE para observar o universo em três comprimentos de onda submilmétricos têm até agora fornecidos dados raros sobre detalhes vitais da temperatura, distância e luminosidade de galáxias até então nunca observadas. Um dos últimos alvos do SPIRE foi o aglomerado de galáxias Abell 2218, que já foi fotografado pelo Hubble resultando numa famosa imagem que mostra um belo exemplo de lente gravitacional.

A mais de dois bilhões de anos-luz de distância, a imensa massa da galáxia distorce o espaço a sua volta, entortando e aumentando a luz proveniente de galáxias mais distantes, efeito esse que foi pela primeira previsto por Albert Einstein. O poder natural de aumento fornece aos astrônomos a chance de estudar as galáxias que fazem parte desse plano de fundo em mais detalhe do que era possível anteriormente. Os novos dados do SPIRE sobre o Abell 2218 irá adicionar informações sobre a taxa de formação de estrelas dessas galáxias e ajudar a montar uma imagem de como elas se desenvolveram desde os seus primeiros instantes de vida até os dias de hoje.

“Essas primeiras imagens submilimétricas de galáxias jovens em um universo distante mostram claramente que um grande número de estrelas estão sendo formadas, mas são encobertas pela poeira e então de certa forma bagunçam as observações feitas por telescópios ópticos como Telescópio Espacial Hubble”, disse Ian Smail da Universidade de Durham. “Já está claro que nós vivemos em universo em transformação  e graças ao Herschel e ao SPIRE, algumas coisas estão mudando mais rápido do que a nossa percepção”.

Os novos dados também permitem aos astrônomos estudar a conexão entre as galáxias e os buracos negros supermassivos que residem nos seus centros, alimentando-se de gás que circula os centros das galáxias e emitindo grande quantidade de radiação como quasares. Evanthia Hatziminaoglou do Observatório Sul Europeu já havia descoberto que emissões submilimétricas dos chamados núcleos ativos de galáxias (AGN) emanam quase que exclusivamente das regiões de formação de estrelas, mas nesses comprimentos de onda, suas propriedades não conseguem se distinguir das galáxias não ativas. Essa descoberta fornece evidências que os buracos negros supermassivos crescem em tamanho junto com as galáxias onde eles residem. “É surpreendente ver que esses dois fenômenos astrofísicos altamente energéticos co-existem em harmonia”, disse ela.

O catálogo HerMES de galáxias será lançado para a comunidade astronômica de modo que os astrônomos usando telescópios ao redor do mundo possam pesquisar essas galáxias em um maior detalhe. “Imagens como essa mostram que o SPIRE abriu a possibilidade de observar nos comprimentos de onda submilimétricos de uma maneira que não era possível anteriormente, o nível de clareza que alcançamos hoje é sem precedentes para esses comprimentos de onda”, disse Michaek Zemcov do Instituto de Tecnologia da Califórnia. “Agora esses dados estão disponíveis para toda a comunidade astronômica e nós seremos realmente capazes de testar o nosso entendimento de objetos como aglomerados de galáxias e mais profundamente da formação da estrutura do universo”.


Fonte:

http://www.astronomynow.com/news/n1007/05SPIRE/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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