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Fusão Estelar Pode ter Causado Brilhante Explosão

Oito anos de monitoramento detalhado de uma estrela distante que passou por uma explosão, tornando-a milhões de vezes mais brilhante que o Sol, sugerem que ela tenha passado por uma violenta fusão com outra estrela. V838 Monoceros, que explodiu em 2002 tornou-se famosa graças as imagens do Telescópio Espacial Hubble, foi o tema de apresentação na reunião da Sociedade Astronômica Real em Galsgow.

A estrela V838 Mon tem menos de 25 milhões de anos – muito jovem para uma estrela – e tem uma massa oito vezes maior que a massa do Sol, mas estudos de espectroscopia infravermelha conduzidos pela equipe chefiada por Mark Rushton da Universidade Central de Lancashire mostraram que a estrela é atualmente uma das mais frias já observadas, com temperaturas próximas a de estrelas como anãs marrons. Rushton atribuiu isso às camadas externas da estrela que estão ficando inchadas e resfriando à medida que elas se expandem a partir do que era antes uma estrela quente saudável. Isso é o contrário do que acontece durante uma convencional explosão em supernova, quando pulsos provocam a contração da estrela, aquecendo-a e brilhando. Ao invés disso, a teoria vigente para a V838 Mon é que ela se fundiu com outra estrela, as ondas de choque fizeram com que as camadas externas fossem infladas, as análises espectroscópicas de Rushton colaboram com essa teoria.

“O processo de fusão é muito rápido, mas pode levar décadas até a estrela se estabilizar”,  disse Mark Rushton. A explosão, que acendeu uma cavernosa nuvem de gás ao redor da estrela com um eco de luz, teve três picos de brilho, cada um deles separado por um mês. O primeiro pico foi interpretado como se as duas estrelas estivessem se arranhando, o segundo pico de brilho foi interpretado como a fusão propriamente dita e o terceiro pico indicando que a turbulência inicial começou a se estabilizar. Observações espectroscópicas feitas em 2004 mostram que algumas partes do envelope externo estão começando vagarosamente, mas definitivamente a se contrair ao nível original. Oito anos foram gastos monitorando a estrela, Rushton e seus colegas, Tom Geballe do Observatório Gemini no Havaí, Aneurin Evans da Universidade de Keele e Stewart Eyres da Universidade Central de Lacashire, observaram que essa contração começou a alterar o espectro da estrela indo desde forte absorção nas linhas de vapor d’água, monóxido de carbono e óxidos de metais até dióxido de enxofre que até hoje só havia sido observado em uma outra estrela, a estrela variável Mira, também conhecida como UX Cygni.

Se a V838 Mon está começando a se contrair de volta ao seu tamanho original, ela deve começar a se aquecer novamente. Observações de raios-X feitas com o Observatório Chandra, sugerem que a estrela está realmente se aquecendo à medida que a sua fotosfera se contrai fazendo com que ela gire rapidamente. Uma companheira da estrela afastada também foi detectada no sistema, mas atualmente é incerto afirmar se a influência gravitacional poderia ter estimulado a fusão.

“Esses tipos de fusões são esperadas para ocorrer a cada década na Galáxia”, disse Rushton, e essas fusões são particularmente comuns em densos aglomerados de estrelas; por exemplo, nômades azuis em aglomerados globulares, que são estrelas mais quentes e azuis do que elas deveriam ser para a idade que possuem, acreditam-se que elas derivam de fusões estelares. Aparentemente existirão ainda muitas oportunidades de observar estrelas no ato de fusão em um futuro próximo.

Fonte:

http://www.astronomynow.com/news/n1004/15merger/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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