fbpx

Experimentos Recriam os Sabores Aromáticos de Titã

Titanaerosol


observatory_150105Os cientistas da NASA criaram uma nova receita que captura os sabores fundamentais da atmosfera laranja-amarronzada que envolve a maior lua de Saturno, Titã.

A receita é usada para experimentos de laboratório, desenhados para simular a química de Titã. Com essa abordagem, a equipe foi capaz de classificar um material anteriormente desconhecido descoberto pela sonda Cassini da NASA na neblina da lua.

“Agora nós podemos dizer que esse material tem uma forte característica aromática, que nos ajuda a entender mais sobre a complexa mistura de moléculas que constituem a neblina de Titã”, disse Melissa Trainer do Goddard Space Flight Center da NASA em Greenbelt, Maryland.

O material tem sido detectado anteriormente nos dados obtidos pelo instrumento Composite Infrared Spectrometer da Cassini, um instrumento que faz observações nos comprimentos de onda na região do infravermelho distante do espectro, além da luz vermelha. A assinatura espectral do material sugere que ele foi feito a partir de uma mistura de moléculas.

Para investigar essa mistura, os pesquisadores, fizeram uma abordagem de combinação de gases numa câmara deixando-os reagir. A ideia era que se o experimento começasse com os gases certos e sob as condições certas, as reações no laboratório deveriam gerar os mesmos produtos encontrados na atmosfera de Titã. O processo é parecido ao se experimentar um pedaço de bolo e tentar descobrir como ele é feito. Se você perceber que o bolo tem o mesmo sabor que o pedaço original, então você escolheu os ingredientes corretos.

O desafio é que as possibilidades são quase ilimitadas nesse caso. A coloração laranja suja de Titã vem de uma mistura de hidrocarbonetos (moléculas que contém hidrogênio e carbono) e elementos químicos que transportam nitrogênio e são chamados de nitrilos. A família de hidrocarbonetos já possui centenas de milhares de membros, identificados de plantas e combustíveis fósseis na Terra, e mais ainda deles poderiam existir.

O ponto de partida lógica foi começar com dois gases mais abundantes na atmosfera de Titã: nitrogênio e metano. Mas esses experimentos nunca produziram uma mistura com uma assinatura espectral como aquela observada pela Cassini, nem tinham experimentos similares conduzidos por outros grupos.

Resultados promissores finalmente vieram quando os pesquisadores adicionaram um terceiro gás, essencialmente aprimorando os sabores na receita feita pela primeira vez. A equipe começou com o benzeno que tinha sido identificado na atmosfera de Titã, seguindo de uma série de elementos químicos relacionados que provavelmente poderiam existir lá. Todos esses gases pertencem a uma subfamília de hidrocarbonetos conhecida como aromáticos.

A resposta com os melhores resultados foi obtida quando os cientistas escolheram um aromático que continha nitrogênio. Quando os membros da equipe analisaram esses produtos de laboratório, eles detectaram feições espectrais que se ajustaram bem com as assinaturas distintas que tinham sido extraídas de dados de Titã, por Carrie Anderson do Goddard Space Flight Center.

“Isso é o mais próximo que alguém já conseguiu chegar, para o nosso conhecimento, em recriar com experimentos de laboratório essa feição particular vista nos dados da Cassini”, disse Joshua Sebree da Universidade de Northern Iowa em Cedar Falls.

Agora que a receita básica foi demonstrada, trabalhos futuros concentrarão em aprimorar as condições do experimento.

“A química de Titã é um verdadeiro zoo de moléculas complexas”, disse Scott Edgington do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, na Califórnia. “Com a combinação dos experimentos de labortatório e com os dados da Cassini, nós estamos ganhando um entendimento de quão complexa e maravilhosa essa lua parecida com a Terra realmente é”.

Fonte:

http://astronomy.com/news/2014/06/experiments-recreate-aromatic-flavors-of-titan


alma_modificado_rodape105

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

Veja todos os posts

Arquivo