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Estudo Detalhado da Cratera Linné na Lua

Linné com 2.2 km de diâmetro é uma jovem e muito bem preservada cratera de impacto na Lua. Imagens estereográficas feitas pela LROC fornecem aos cientistas a terceira dimensão de estudo, e com isso as informações críticas para revelar a física envolvida nos eventos de impacto. A equipe de ciência do LROC apresentou as primeiras análises da topologia da cratera Linné no Lunar and Planetary Science Conference.

O modelo topográfico de alta resolução também fornece o caminho para se construir visões sintéticas da cratera a partir de qualquer ângulo. Criando centenas dessas visões e mudando um pouco o ponto de vista de uma imagem para outra pode-se gerar um vídeo que mostra um sobrevoo pela cratera.


A equipe do LROC lançou recentemente um conjunto de imagens estereográficas da câmera NAC derivada de produtos de mapeamento. Os modelos digitais de terreno da LROC NAC são feitos a partir de pares estereográfico geométricos, duas imagens da mesma área feitas de diferentes ângulos sob a mesma iluminação aproximada. A LROC não foi desenvolvida como um sistema estereográfico, mas pode obter esses pares de imagens adquiridos em duas órbitas distintas. Algumas restrições são impostas na aquisição das imagens para que seja possível construir o par estereográfico isso restringe as chances de se obter boas imagens, mas a equipe trabalha de forma árdua para gerar os pares.

Para gerar o modelo digital de terreno usa-se uma combinação dos programas USGS Integrated Software for Imagers and Spectrometers (ISIS) e o SOCET SET da BAE Systems. As rotinas do ISIS carregam os arquivos de imagem, relaizam correções radiométricas e exportam esse arquivo final em um formato entendido pelo SOCET SET. Após isso um pesquisador realiza uma série de procedimentos incluindo um detalhado controle de qualidade, o que faz com que se gaste aproximadamente uma semana para completar um modelo digital de terreno.

Uma vez que o modelo esteja pronto alguns produtos podem ser gerados: imagens ortoretificadas, imagens sombreadas de relevo, imagens coloridas de relevo, mapa colorido de inclinação, e mapa de confiança. Uma imagem ortoretificada tem todas as distorções topográficas e aquelas produzidas pela câmera, removidas. Essas imagens são cartograficamente verdadeiras e podem ser usadas para medir distâncias com precisão. Uma imagem de relevo sombreada gerada usando o modelo digital de terreno, simula a superfície da Lua com um fonte de luz que gera sombras no terreno. Códigos de elevação são inseridos então para gerar uma imagem colorida do terreno. Finalmente, os mapas de inclinação, ajudam os pesquisadores a entenderem melhor as sutis mudanças em elevação. Um mapa de confiança indica a qualidade da elevação estimada em cada pixel. Os produtos padrões PDS incluem modelos digitais de terreno e imagens ortoretificadas em duas resoluções (resolução do modelo e a resolução da imagem original) além do mapa de confiança. Abaixo pode-se encontrar o resumo publicado sobre a cratera Linné e um artigo que mostra detalhadamente como são gerados os modelos digitais de terreno a partir de imagens da LROC.

 

Fonte:

http://lroc.sese.asu.edu/news/index.php?/archives/346-Barnstorming-Linne-crater.html

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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