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Encontro com Titãs: Discos de Poeira Encontrados ao Redor de Estrelas Massivas

Uma nova descoberta parece ter potencial para responder uma grande questão de como as estrelas massivas nascem além de dar dicas sobre a possibilidade de que planetas possam se formar ao redor dos maiores corpos da galáxia.

“Os astrônomos por muito tempo não possuem uma idéia clara sobre como as estrelas massivas se formam”, disse Stefan Kraus, um membro do programa Sagan Exoplanet Fellow da NASA e astrônomo na Universidade de Michigan. “Pelo fato delas serem muito grandes e serem envoltas por envelopes muito empoeirados é muito difícil separar e observá-las em detalhe”.

Para obter melhores imagens, a equipe de Kraus usou o interferômetro instalado no Very Large Telescope do Observatório Sul Europeu no chile para observar em detalhe a estrela IRAS 13481-6124, uma estrela localizada a uma distância de 10000 anos-luz na constelação de Centauro, e que é 20 vezes mais massiva que o Sol. “Nós agora estamos aptos a fazer uma imagem bem definida das regiões mais internas ao redor da estrela combinando a luz captada por diferentes telescópios”, disse Kraus, “basicamente o que iremos conseguir é reproduzir a potência de um telescópio com 85 metros de espelho”.

As observações da equipe já geraram um resultado impressionante: a descoberta de um disco massivo de poeira e gás circulando uma estrela jovem e gigante. “É a primeira vez que algo desse tipo está sendo observado”, disse Kraus. “O disco se assemelha muito aos que observamos ao redor de estrelas jovens que são muito menores, exceto pelo fato de ser maior e mais massivo”.

A presença do disco é uma forte evidência de que mesmo as maiores estrelas na galáxia são formadas pelo mesmo processo das estrelas menores, ou seja, crescendo a partir de uma densa acumulação de grandes quantidades de gás e poeira, ao contrário do que se pensava anteriormente que essas estrelas gigantes se formavam a partir da fusão de estrelas menores. Os resultados foram confirmados pelo Telescópio Sptizer da NASA. “Nós procuramos imagens de arquivo da estrela feitas pelo Spitzer e confirmamos que a estrela arremessando material para o disco a partir de seus pólos, da mesma maneira que as estrelas menores fazem”, disse Kraus.

A descoberta também abre a possibilidade que os planetas, alguns até mesmo parecidos com a Terra, possam se formar ao redor de estrelas massivas como a IRAS 13481-6124, da mesma maneira que eles se formaram ao redor do Sol quando esse era uma estrela jovem. “No futuro, nós podemos ser capaz de observar os buracos neste e em outros discos de poeira criados pelos planetas em órbita, embora seja imporvável que esses planetas possam sobreviver por muito tempo”, disse Kraus. “Um planeta ao redor de uma estrela massiva seria destruído por fortes ventos estelares e pela intensa radiação a medida que o material do disco protetor se acaba, deixando assim pouca chance para o desenvolvimento de sistemas planetários como o nosso”.

Ainda assim, estrelas gigantes como a IRAS 13481-6124 fornecem os blocos fundamentais para que a vida possa nascer em qualquer lugar no universo. “As estrelas de muita massa são aquelas onde elementos pesados necessários para a vida são criados por isso elas são da maior  importância. Essa descoberta é a melhor imagem que nós podemos ter delas e que nos permitirá entendê-las melhor”, disse Kraus.

O Sptizer detectou anteriormente discos empoeirados de detritos planetários ao redor de estrelas massivas mais maduras, colaborando assim com a idéia de planetas podem sim serem formados nesses ambientes extremos.

Fonte:

http://www.jpl.nasa.gov/news/news.cfm?release=2010-235&cid=release_2010-235&msource=2010235&tr=y&auid=6628786

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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