Medidas feitas pela missão Mars Science Laboratory da NASA enquanto entregava o rover Curiosity em Marte, em 2012, estão fornecendo para a NASA as informações necessárias para que se possam desenhar sistemas para proteger os exploradores humanos da exposição à radiação nas expedições espaciais profundas no futuro.
O Radiation Assessment Detector (RAD) do rover Curiosity é o primeiro instrumento a medir a radiação ambiental durante uma missão a Marte de dentro de uma sonda que é similar a uma potencial sonda tripulada por um humano. As descobertas reduzem a incerteza sobre a eficiência do escudo de radiação e fornecem informações vitais para os projetistas de missões espaciais que irão construir a proteção das naves no futuro.
“À medida que essa nação (EUA) tem como objetivo alcançar um asteroide e o planeta Marte, em pouco tempo, nós estamos trabalhando para resolver cada problema que a natureza possa nos colocar para manter os astronautas seguros de modo que eles possam explorar o desconhecido e retornar para casa”, disse William Gerstenmaier, administrador associado da NASA para a exploração humana e operações em Washington. “Nós aprendemos mais sobre a habilidade do corpo humano de se adaptar ao espaço a cada dia a bordo da Estação Espacial Internacional. À medida que nos construímos a sonda Orion e o foguete Space Launch System para carregar e nos proteger no espaço, nós continuaremos a fazer avanços que nós precisamos na vida das ciências para reduzir os riscos para nossos exploradores. O instrumento RAD do Curiosity está nos fornecendo dados cruciais que precisamos para que os humanos, como o rover, possam passar para alcançar o Planeta Vermelho”.
As descobertas, que foram publicadas na edição de 31 de Maio da revista Science (e que você encontra no final desse post), indicam que a exposição à radiação para os exploradores humanos poderia exceder o limite de carreira da NASA para os astronautas se os atuais sistemas de propulsão são usados.
Duas formas de radiação possuem um risco potencial para a saúde dos astronautas no espaço profundo. Um deles são os raios cósmicos galácticos, ou do inglês, GCRs, partículas geradas por explosões de supernovas e outros eventos de alta energia fora do Sistema Solar. O outro são as partículas energéticas solares, ou do inglês, SEPs, associadas com as flares solares e as ejeções de massa coronais do Sol.
A exposição à radiação é medida em unidades de Sievert (Sv), ou miliSievert (um milésimo de Sv). Estudos de longo prazo têm mostrado que a exposição à radiação aumenta o risco de câncer na vida de uma pessoa. Exposições a doses de 1 Sv, acumulada no decorrer de uma vida, está associada com 5% de aumento no risco de uma pessoa desenvolver algum tipo de câncer fatal.
A NASA tem estabelecido um aumento de 3% como sendo de risco para o desenvolvimento de câncer fatal, como um limite de carreira aceitável para seus astronautas atualmente operando na baixa órbita da Terra. Os dados do RAD mostram que o rover Curiosity foi exposto a uma média de 1.8 miliSievert de GCR por dia durante sua jornada a Marte. Somente 3% da dose de radiação estava associada com as partículas solares pois o Sol estava numa fase relativamente calma de seu ciclo e o escudo protegeu de forma eficiente a nave.
Os dados do RAD ajudarão a informar as atuais discussões na comunidade médica dos EUA, que está trabalhando para estabelecer os limites para exposição para os exploradores do céu profundo no futuro.
“Em termos de dose acumulada, é como se você tivesse o seu corpo escaneado por uma máquina de tomografia a cada cinco ou seis dias”, disse Cary Zeitlin, um cientista principal no Southwest Research Institute (SwRI) em San Antonio e principal autor do artigo que relata as descobertas. “Entender o ambiente de radiação dentro de uma sonda carregando humanos para Marte ou outros destinos espaciais profundos é crítico para planejar as futuras missões tripuladas”.
Os atuais escudos de proteção das sondas defendem de forma mais efetiva os equipamentos da radiação SEPs do que das GCRs. Para proteger contra a energia comparativamente baixa das típicas SEPs, os astronautas talvez precisem se movimentar no espaço com um escudo extra numa nave ou na superfície marciana, ou empregar outras medidas. As GCRs tendem a ser de mais alta energia, partículas altamente penetrantes que não são paradas pelos modestos escudos das sondas atuais.
“Os cientistas precisam validar as teorias e os modelos com as medidas reais, que o RAD estão fornecendo”, disse Donald M. Hassler, um diretor do programa no SwRI e principal pesquisador do instrumento RAD. “Essas medidas serão usadas para melhor entender como a radiação viaja através do espaço profundo e como ela é afetada e alterada pela estrutura da própria sonda. A sonda protege contra as partículas de energia mais baixas, mas outras podem se propagar através da estrutura sem se modificar ou se quebrar em partículas secundárias”.
Após o pouso do Curiosity em Marte, em Agosto de 2012, o instrumento RAD continuou a operar, medindo a radiação ambiental na superfície do planeta. Os dados do RAD coletados durante a missão científica do Curiosity continuarão a informar sobre os planos para proteger os astronautas enquanto a NASA desenha as futuras missões para Marte.
O SwRI, junto com Christian Albrechts University em Kiel, na Alemanha, construíram o RAD com financiamento do Human Exploration and Operations Mission Directorate da NASA e do centro de pesquisa nacional aeroespacial da Alemanha, Deutsches Zentrum für Luft-und Raumfahrt.
O Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, uma divisão do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, gerencia o Mars Science Laboratory Project e o projeto do rover Curiosity. O Science Mission Directorate da NASA na sede da agência em Washington gerencia o Mars Exploration Program.
Para mais informação sobre a missão visitem: http://www.jpl.nasa.gov/msl ,http://www.nasa.gov/msl e http://mars.jpl.nasa.gov/msl . Para seguir a missão no Facebbok e no Twitter visitem: http://www.facebook.com/marscuriosity e http://www.twitter.com/marscuriosity .
Para mais informações sobre o Human Spaceflight and Exploration da NASA, visitem: http://www.nasa.gov/exploration .
Fonte:
http://www.jpl.nasa.gov/news/news.php?release=2013-183