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Cientistas Treinam No Deserto de Nevada Para A Missão Do Rover Perseverance Em Marte

Há bilhões de anos, a superfície marciana poderia ter suportada vida microbiana como nós sabemos. Mas será que a vida realmente existiu em Marte? A NASA e a missão Mars 2020 esperam encontrar ela com o rover Perseverance, que será lançado para o Planeta Vermelho, na janela de oposição de 2020, caso o coronavirus deixe.

Os cientistas têm procurado por respostas para as questões astrobiológicas na Terra, estudando regiões similares o suficiente a Marte para entender como seria a vida microscópica no Planeta Vermelho. Uma viagem de campo foi feita no final de 2019 envolvendo micróbios fossilizados no Outback Australiano. No começo de 2020, sete cientistas embarcaram em outra viagem de campo para um leito de lago seco em Nevada e trabalharam com 150 cientistas de forma remota no que é chamado de Rover Operations Activities for Science Team Training, ou ROASTT.

Ao invés de levarem o rover para lá, os sete membros da equipe de campo fizeram as vezes dele. Portando câmeras e espectrômetros portáteis durante o período de duas semanas de simulação, eles recebiam instruções dos cientistas localizados em outros lugares, da mesma forma que o rover irá receber instruções quando pousar em Marte em 18 de fevereiro de 2021.

Como todos os outros rovers, o Perseverance, será operado por uma equipe de cientistas e engenheiros, alguns localizados em centros de operações no Jet Propulsion Laboratory da NASA, que irão liderar a nova missão, e outros localizados em instituições de pesquisas espalhadas por todo o mundo. Ele irão discutir onde ir, as amostras que devem ser estudadas, e pela primeira vez, que rochas devem ser coletadas em tubos de metal para um eventual retorno para a Terra.

O exercício em Nevada não somente ajudou os membros da equipe a praticar o que observar, mas também ajudou a desenvolver o trabalho em equipe. O local escolhido foi também uma oportunidade de se fazer pesquisa. Além de simular um rover, a equipe de campo estudou o local, e deu ideias que puderam ajudar em como a pesquisa por vida passada em Marte irá acontecer.

Se uma região parecia promissora, os cientistas em linhas de conferência em todo o planetas debatiam se a equipe de campo deveria estudar com mais detalhe aquela região ou não, se um conjunto de rochas parecia ideal para preservar fósseis, eles ordenavam a equipe chegar mais perto e fazer imagens. Cada membro da equipe carregava um instrumento, um instrumento que imitava a ferramenta de análise de rocha SuperCam, outro instrumento que imitava o analisador chamado de Planetary Instrument for X-Ray Lithochemistry, ou PIXL, um GPR, imitando o Radar Imager for Mars’Subsurface Experiment ou RIMFAX, foram usados para tentar fazer com que toda a equipe parecesse na verdade o rover trabalhando por ali.

A equipe de campo também tinha uma importante ferramenta de bem baixa tecnologia, uma escovinha que usavam para limpar as pegadas que deixavam no solo, para deixar o ambiente ainda mais parecido com o terreno virgem de Marte.

O Lago Walker é um local ideal para treinamento de busca por vida microscópica. O lago no passado se estendia por uma região muito maior do que se estende atualmente, essas partes, secaram a dezenas de milhares de anos atrás e agora possuem muitos estromatólitos, coleções de micróbios fossilizados e sedimentos. Esse lago lembra muito o que o rover irá encontrar na Cratera Jezero em Marte, que também é um antigo fundo de lago.

Além de ajudar os cientistas a pensarem sobre as bioassinaturas, ou sinais de vidas antigas, o treinamento também demonstrou como trabalhar de forma coordenada com o rover quando ele estiver em Marte.

Esse tipo de treinamento é essencial para os cientistas que são novos em trabalhos com rover marcianos. Todos têm muito a aprender com esse tipo de missão e poderão usar esse aprendizado na exploração do Planeta Vermelho.

Lisa Mayhew, uma geoquímica e geomicrobiologista da Universidade do Colorado em Boulder, é uma das novas pesquisadoras. Para estudar a relação entre a água, a rocha e a vida microbiana em ambientes extremos, ela está trabalhando com veículos remotamente operados no fundo do mar, como o Jason, do Woods Hole Oceanographic Institution. Em locais como Lost City, no fundo do Oceano Atlântico, ela está observando o Jason explorar torres de minerais. Micróbios localizados nessas torres metabolizam gases ricos em energia, como hidrogênio e metano, produzidos por reações entre a água e a rocha. Alguns cientistas acreditam que a vida na Terra, se originou em locais parecidos com esse.

De forma similar ao rover em Marte, o Jason envia imagens, e o seu braço robótico pode ser usado para mover as rochas e coletar amostras. Mas Marte está muito mais distante que o fundo do oceano aqui na Terra. Somente uma determinada quantidade de comandos podem ser enviados para o Perseverance por dia, e uma quantidade determinada de dados são enviados de volta.

E isso é por que cada missão de um rover tem um equilíbrio entre o desejo da equipe de entender um determinado local com a necessidade de coletar amostras de diferentes locais geológicos, isso é algo que os cientistas precisam aprender a trabalhar, priorizar determinados locais e ter muita paciência.

Os exercícios no Lago Walker ensinam como as decisões devem ser tomadas. Os cientistas precisam aprender a planejar os movimentos com antecedência para poder aproveitar ao máximo a missão. Além disso eles têm que aprender diferentes softwares e ferramentas que serão usados para entender os locais em Marte.

No final do treinamento, todos disseram que têm uma ideia muito melhor de como o trabalho de equipe com o rover irá acontecer. Além disso, os cientistas escolheram uma amostra rica em bioassinaturas para ser analisada.

A próxima vez que eles farão isso será em Marte. Eles terão que escolher a amostra certa para ser enviada para a Terra.

O Perseverance é um cientista robô, na verdade, pesando 1025 kg. A missão do rover será procurar por sinais de vida microbiana passada em Marte. Ele irá caracterizar o clima e a geologia do planeta, coletar amostras para um futuro retorno para a Terra, e pavimentar o caminho para a exploração humana do Planeta Vermelho. O período de lançamento do rover para Marte será entre 17 de julho e 5 de agosto de 2020, e ele pousará na Cratera Jezero em Marte, no dia 18 de fevereiro de 2021.

A missão do rover Perserverance da Mars 2020 é parte do grande programa de exploração espacial da NASA que inclui missões para a Lua como um preparativo para a exploração humana de Marte. Como parte desses planos, os astronautas devem retornar para a Lua em 2024 e em 2028 a ideia é ter uma presença sustentada de humanos no nosso satélite, e então preparar tudo para enviar os humanos para Marte. Tudo isso faz parte do Prgrama Artemis.

Para mais informações sobre o Perseverance, visite:

https://mars.nasa.gov/mars2020/

https://www.nasa.gov/perseverance

Fonte:

https://www.jpl.nasa.gov/news/news.php?feature=7658

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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