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Canais Prateados na Lua

Ao redor da região de Marius na Lua pode-se notar paisagens vulcânicas incluindo domos, cadeias de montanhas e canais sinuosos. Os domos e as cadeias não são difíceis de se ver em pequenos telescópios com um baixo ângulo de iluminação, mas os canais são desafiantes de se observar. Quatro canais que se originam nas Colinas Marius são difíceis de ver visualmente mas podem ser identificados com telescópios médios. A maioria das imagens mostram essas feições  com o Sol em um ângulo relativamente baixo, deixando a impressão que elas se apagam com o Sol em uma posição mais alta. Pode-se ficar surpreso ao descobrir que um albedo relativamente brilhante faz com que essas feições se destaquem contra um plano de fundo basáltico com um Sol em um ângulo alto. A feição Rima Marius se curva ao longo da borda norte das Colinas Marius. Em direção ao final oeste uma feição fina brilhante e sinuosa marcada com a letra “A” na imagem é visível desde o sul em direção ao norte e então se aproxima da curva de Rima Marius. Somente a porção sul dessa feição é distinta enquanto que a porção norte terminal se perde ao redor de feições de albedo mais brilhante. Existe uma incerteza se a feição “A” é um canal ou a margem de uma cadeia de montanhas, mas ela pode ser também uma cadeia de crateras. As setas “B” e “C” mostram pequenas porções de canais, vistas em mais detalhe na imagem abaixo.

Na borda oeste das Colinas Marius, a Rima Galilaei é visível se estendendo na direção norte noroeste e é também parte de outro canal. Dificilmente será possível observar esses canais em outras imagens da Lua, mas nas corretas condições de iluminação o seu albedo brilhante faz com que elas se destaquem na imagem. Uma questão que surge ao se analisar esse tipo de imagem é por que os canais são mais brilhantes do que as regiões ao redor. Isso pode acontecer pelo retrabalhamento progressivo de material ou por eventos sísmicos que fazem com o a maturação do solo nos taludes internos seja diferente em contraste com o material presente nas áreas mais planas, então qual é o papel do albedo? Independente de estar relacionado com as respostas para essas perguntas, a observação de áreas na Lua com o Sol iluminando-a por um ângulo alto é uma tarefa recompensadora, como pôde ser visto aqui, pois com a variação no ângulo de iluminação solar uma série de feições antes não identificadas podem saltar aos nossos olhos e nos permitir a ter uma compreensão totalmente nova das características superficiais da Lua.

Fonte:

http://lpod.wikispaces.com/December+18,+2010

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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