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Buracos Negros Supermassivos Podem Exterminar Galáxias Inteiras

Devorar sua comida pode fazer muito mal para a sua saúde, mas que sabe esse mesmo princípio possa ser aplicado a uma galáxia inteira? Astrofísicos descobriram que quando buracos negros supermassivos devoram rapidamente gás e poeira eles podem gerar radiação suficiente para absorver todas as estrelas embrionárias ao redor de uma galáxia. Não está claro o que isso significa para a habilidade da vida tomar forma nesse ambiente gélido, mas as pesquisas mostram que o processo pode ter determinado o destino de muitas galáxias grandes do universo.

Desde meados da década de 1990, os astrônomos sabem que cada galáxia no universo carrega consigo um buraco negro supermassivo no seu centro. Esses monstros, alguns contendo a massa de bilhões de sóis, podem engolir volumes gigantescos de gás e poeira. Quando uma grande quantidade de matéria chega ao estômago desses devoradores cósmicos, uma enorme quantidade de radiação é expelida para o espaço.

Os astrônomos também sabem por muitos anos que algumas das grandes galáxias parecem não formar qualquer tipo de estrela, elas estão sim repletas de estrelas com a idade do Sol. Está a atividade extrema dos buracos negros supermassivos conectada diretamente com a falta de geração de estrelas?

Uma equipe liderada pelo astrofísico Asa Bluck da Universidade de Nottingham no Reino Unido, decidiu investigar. Eles selecionaram 100 galáxias contendo buracos negros supermassivos ativos. Nos últimos 5 anos, eles estudaram essas galáxias utilizando os comprimentos de onda óptico, infravermelho próximo, e raios-X, usando tanto telescópios na Terra como telescópios orbitais. Em particular, esses pesquisadores estimaram a taxa de crescimento dos buracos negros a partir da quantidade de radiação que eles emitem. A equipe também comparou as massas dos buracos negros com a massa total das galáxias hospedeiras para determinar quanto de matéria eles teriam devorado.

No encontro da Sociedade Astronômica Real em Glasgow, Bluck reportou que a maioria dos buracos negros supermassivos liberam uma quantidade incrível de radiação durante seus períodos mais energéticos, que podem durar centenas de milhões de anos – o suficiente, diz ele, para esvaziar cada galáxia massiva no universo no mínimo 25 vezes mais. As emissões de raios-X desses monstros minimizam a radiação de raios-X combinada de cada fonte no universo. Essas emissões podem varrer virtualmente toda poeira fria e compacta na galáxia, prevenindo por meio disso que a poeira se condense formando novas estrelas. Ele adiciona que de todas as 100 galáxias estudadas, no mínimo um terço delas perderam sua capacidade de gerar novas estrelas, presumidamente pelo fato da radiação emanada dos buracos negros centrais. Em outras galáxias, onde os buracos negros supermassivos são menos ativos, o processo de formação de estrelas ainda ocorre.

O eventual impacto na saúde da galáxia é profundo. “Sem novas estrelas para realizar o processo natural de substituição, as estrelas existentes se tornaram velhas, avermelhadas e estarão fadadas a extinção. Com isso as galáxias irão crescer com manchas negras e irão morrer do mesmo modo”, diz Bluck.

Se a vida se desenvolve durante o estágio de atividade do buraco negro central, então a poderosa radiação certamente irá acabar com essa vida. Mas após o buraco negro se estabilizar, diz Bluck, as condições se tornam bem mais hospitaleiras, novas estrelas não se formariam e atrapalhariam a vizinhança galáctica agitando o gás e a poeira e emitindo sua própria radiação.

A pesquisa representa um grande passo na questão sobre o porquê algumas galáxias não formam novas estrelas. Embora a descoberta confirme que buracos negros ativos supermassivos emitem uma abundante radiação em forma de raios-X, os pesquisadores explicam, que se a radiação esvazia a galáxia de seu gás, isso é uma boa hipótese, mas está longe de ser uma certeza.

Fonte:

http://news.sciencemag.org/sciencenow/2010/04/supermassive-black-holes-can-kil.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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