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Buraco Negro Alimentado Por Dilúvio de Nuvens Frias – Space Today TV Ep.275

Artist’s impression of cold intergalactic rain

No programa de hoje vamos ver que buracos negros supermassivo podem se alimentar de nuvens frias de gás que caem como uma chuva no centro das galáxias.
A essa altura do canal, acho que todo mundo já sabe que os buracos negros encontrados no coração da maior parte das galáxias, são os chamados buracos negros supermassivos. Bem, existia uma ideia que esses buracos negros possuíam uma dieta lenta e contínua de gás quente ionizado vindo do halo central da galáxia, porém existia também uma previsão teórica postada recentemente de que um tipo de chuva de gás molecular frio também poderia abastecer esses monstros localizados no centro dessas galáxias.
Para tentar comprovar essa previsão, os astrônomos decidiram então usar o ALMA, para tentar responder essa pergunta, pois só ele teria a resolução e a capacidade suficiente de identificar tais objetos nas cercanias de um buraco negro supermassivo.

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Os astrônomos usaram então o ALMA para estudar um aglomerado de galáxias, conhecido como Abell 2597, um aglomerado constituído de aproximadamente 50 galáxias. No centro desse aglomerado existe uma uma galáxia do tipo elíptica, massiva, que é a galáxia mais brilhante do aglomerado, com um buraco negro no seu centro, com uma massa equivalente a 300 milhões de vezes a massa do Sol. Entre as galáxias, anteriormente, o Observatório de Raios-X Chandra já havia detectado nesse aglomerado uma atmosfera difusa de gás quente e ionizado.
Ao observar em detalhe o centro da galáxia mais brilhante do aglomerado, os astrônomos descobriram 3 núcleos massivos de gás frio, situados a apenas 300 anos-luz de distância do buraco negro, com uma massa 1 milhão de vezes maior que a massa do Sol e se aproximando do buraco negro a cerca de 300 km/s, ou seja, essas nuvens estão praticamente prontas para serem devoradas pelo buraco negro.

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As nuvens possuem dezenas de anos-luz de diâmetro, mas mesmo com esse tamanho e com a excelente resolução do ALMA seria impossível identificá-las. Os astrônomos descobriram as nuvens observando na verdade as sombras que elas geram, sombras essas com um bilhão de anos-luz de comprimento, projetadas em direção à Terra.
Com isso, os astrônomos montaram o seguinte cenário, o gás muito quente pode resfriar-se rapidamente, condensar e precipitar, da mesma maneira que acontece com a chuva na Terra, com o ar quente e úmido que esfria, condensa e cai em forma de chuva. No caso dos buracos negros, as nuvens condensadas caem depois em forma de chuva na galáxia, dão origem a novas estrelas e alimentam o buraco negro supermassivo.

Essa foi a primeira vez que os astrônomos conseguiram mostrar evidências diretas de que nuvens muito frias podem coalescer a partir do gás intergaláctico quente e mergulhar no coração de uma galáxia alimentando o seu buraco negro central.
Embora o ALMA só tenha observado essas 3 nuvens de gás frio, os astrônomos acreditam que devem existir milhares desses objetos chovendo sobre o buraco negro e alimentando-o de forma contínua por muito mais tempo.
A ideia agora é procurar esse tipo de tempestade galáctica em outros objetos para entender se essa situação cósmica é tão comum como sugerem as teorias.

Fonte:

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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