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Astrônomos Reconstituem A Trajetória Orbital do Meteoro de Chelyabinsk

chelyabinsk_01

observatory_150105Os astrônomos da Universidad de Antioquia na Colômbia usaram imagens do meteoro de Chelyabinsk para trabalhar no que eles acreditam que seja a passagem orbital original do meteoro ao redor do Sol.

O Meteoro de Chelyabinsk explodiu no céu sobre a cidade central da Rússia e a região em 15 de Fevereiro de 2013, criando uma onda de choque que quebrou as vidraças de edifícios quilômetros ao redor e feriu mais de mil pessoas. Sua trajetória foi capturada por dezenas de câmeras, muitas das quais estavam montadas em carros, uma precaução comum na Rússia, onde as pessoas tentam fraudar os seguros forjando acidentes de carros.

Essas imagens foram chave para realizar o trabalho de traçamento da trajetória do meteoro. Os astrônomos se inspiraram pelo trabalho de Sefan Geens, que escreveu sobre o Google Earth em seu blog Ogle Earth. Ele então percebeu que se ele pudesse usar as imagens do meteoro e o Google Earth seria possível ter um mapeamento da trajetória do meteoro enquanto ele entrava pela atmosfera da Terra, usando principalmente imagens de uma webcam estática posicionada na Revolutionary Square no centro de Chelyabinsk. Sua posição estática fornece uma boa visão das sombras geradas pelo meteoro enquanto ele passava sore a praça, e conhecendo a altura dos postes de luz na praça e a distância que eles eram separados se tinha os dados necessários para calcular a altura do meteoro usando matemática básica.

Após ler isso, os astrônomos Jorge Zuluaga e Ignacio Ferrin decidiram construir essa trajetória e ver se eles podiam traçar a passagem orbital do meteoro, e onde ele se originou no Sistema Solar. Eles usaram um segundo vídeo para seus cálculos ao longo de outra  Revolution Square, uma webcam da pequena cidade de Korkin, que mostra claramente o meteoro alcançando o seu pico de brilho e explodindo quase exatamente sobre ela, fato que alguns chamaram de extraordinária coincidência.

Essa informação deu aos astrônomos o que eles precisavam para mapear a trajetória do meteoro dentro da atmosfera. Eles estimam que ele viajava entre 13 e 19 km/s, e brilhou sobre Korkin quando ele estava entre 32 e 47 km de altura da superfície da Terra. Usando essa informação para plotar a passagem pelo céu, Zuluaga e Ferrin, simularam 50 diferentes possíveis órbitas para o meteoro através do Sistema Solar com base nos graus de incertezas. Seus resultados levaram à seguinte conclusão: “O meteoroide de Chelyabinsk pertencia de forma inequívoca à família de asteroides Apollo”.

Zuluaga e Ferrin concedem que algumas premissas permeiam seu trabalho, desde a inconsistência no tempo registrado pelos diferentes vídeos usados até a aceitação de que o buraco no gelo no Lago Cherbakul é a cratera final de impacto do meteoro. Contudo, o principal problema foi que diferente das imagens da Revolution Square, as câmeras manuais estavam se movimentando, e não estavam perto de objetos estáticos com dimensões facilmente reconhecíveis como postes de iluminação, o vídeo de Korkin foi a última opção. Eles também não tinham uma ideia firme da velocidade de impacto do meteoro, que criou uma incerteza nas estimativas da velocidade quando o bólido entrou na atmosfera da Terra.

Eles escreveram: “A maior fonte de incerteza na nossa reconstrução é a natureza qualitativa das evidências observacionais do segundo ponto de vista usado na triangulação da trajetória do meteoroide. Esforços futuros para clarificar esse ponto devem ser tentados para reduzir as incertezas na direção e na velocidade da trajetória reconstruída”. O artigo onde os autores publicaram seus estudos está em fase de aprovação e é apresentado abaixo, no final desse post.

Se essa trajetória é precisa, isso significa que o meteoro veio do Grupo Apollo de asteroides que orbitam um eixo irregular ao redor do Sol. Suas maiores distâncias do Sol são superiores a 1 UA, mas suas distâncias menores são menos que 1 UA, significando que eles cruzam a órbita da Terra. Muitos dos asteroides do Grupo Apollo são considerados potencialmente perigosos, apesar de nenhum deles conhecidos até o momento estarem exercendo um perigo imediato. O maior deles, o Sissyphus, tem 10 km de diâmetro e poderia exterminar grande parte da vida na Terra, se ele nos atingisse, mas sua próxima máxima aproximação em 2071 ele passará a mais de 40 vezes a distância entre a Lua e a Terra.

Fonte:

http://www.wired.co.uk/news/archive/2013-02/26/reconstruct-russian-meteor-path

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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