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Astrônomos Descobrem Um Raro Asteroide Atira Com Órbita de 151 Dias

Astrônomos registraram um asteroide incomum com a órbita mais curta entre os asteroides conhecidos, ou seja, com o menor ano. O corpo rochoso, chamado de 2019 LF6, tem cerca de 1 km de diâmetro e circula o Sol a cada 151 dias. Nessa órbita, o asteroide vai além da órbita de Vênus, e, em algumas vezes, chega mais perto que Mercúrio, que circula o Sol a cada 88 dias. O 2019 LF6 é um dos únicos 20 asteroides conhecidos da família Atira, que tem uma órbita totalmente dentro da órbita da Terra.

“Atualmente nós não descobrimos muitos asteroides com 1 km de diâmetro “, disse Quanzhi Ye, um pós-doc do Caltech, que descobriu o 2019 LF6, trabalhando com Tom Prince, Ira S. Bowen Professor de Física na Caltech, e pesquisador sênior no JPL, e George Helou, o diretor executivo do IPAC, um centro de astronomia na Caltech.

“Há 30 anos, as pessoas começavam organizando pesquisas metódicas sobre asteroides encontrando os objetos maiores primeiro, mas agora a maior parte desses grandes objetos já foi descoberto, e os grandes são muito raros”, disse ele. “O LF6 é bem incomum, tanto em tamanho como na sua órbita, aliás é a sua órbita que explica o fato de não termos descoberto esse asteroide antes”.

O asteroide 2019 LF6 foi descoberto através do Zwicky Transient Facility, ou ZTF, uma câmera montada no Observatório Palomar que vasculha o céu toda noite procurando por objetos transientes, como estrelas que explodem e que variam seu brilho e asteroides em movimento. Pelo fato da ZTF vasculhar o céu rapidamente, ele é capaz de encontrar os asteroides da família Atira, asteroides esses que possuem uma janela de observação bem pequena.

“Nós só temos cerca de 20 a 30 minutos antes do Sol nascer ou depois do Sol se pôr para encontrar esses asteroides”, disse Ye.

Para encontrar asteroides da família Atira, a equipe da ZTF tem feito uma campanha observacional, chamada de Twilight, em homenagem ao período do dia que é o melhor para poder descobrir esse tipo de objeto. A campanha Twilight foi desenvolvida por Ye e Wing-Huen Ip da National Central University em Taiwan. O programa descobriu outro asteroid da família Atira, o 2019 AQ3. Antes do 2019 LF6, o 2019 AQ3 era o asteroide de menor órbita conhecido até então, orbitando o Sol a cada 165 dias.

“Tanto os grandes asteroides Atira que foram descoberto pela ZTF t6em órbitas bem fora do plano do Sistema Solar”, disse Prince. Isso sugere que em algum momento no passado eles foram arremessados para fora do plano do sistema solar pois eles chegam muito perto de Vênus e Mercúrio”, disse Prince.

Além dos dois objetos da família dos Atira, a ZTF já descobriu cerca de 100 near-Earth Asteroids, e cerca de 200 asteroides orbitando no Cinturão Principal de Asteroides do Sistema Solar, entre as órbitas de Marte e Júpiter.

Ye disse que ele espera que o programa Twilight levará à descoberta de novos asteroides da família dos Atira, e ele já espera ser selecionado pela NASA para a missão Near-Earth Object Camera, ou NEOCam, um sonda que será desenvolvida para procurar por asteroides mais próximos do Sol do que qualquer outra missão. A NEOCam irá adquirir a luz infravermelha, ou seja, a assinatura de calor dos asteroides. Ye trabalha no IPAC que processará e irá arquivar os dados da missão NEOCam, mas não é parte da equipe.

“Pelo fato dos asteroides da família Atira estar mais próximo do sol e serem mais quentes do que outros asteroides, ele são mais brilhantes no infravermelho”, disse Helou. “A missão NEOCam tem uma dupla vantagem, da sua localização no espaço e da capacidade de detecção em infravermelho para encontrar esses asteroides de forma mais fácil do que os telescópios trabalhando na porção da luz visível do espectro e da superfície da Terra”.

Fonte:

https://phys.org/news/2019-07-newfound-kilometer-size-asteroid-orbits-sun.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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