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As Supernovas do Triângulo

A Galáxia do Triângulo localizada a uma distância de somente 2.6 milhões de anos-luz é uma das galáxias espirais mais próximas da Terra. Ela também é o terceiro maior membro da nossa vizinhança galáctica (depois de Andromeda e da própria Via Láctea). Pelo fato de podermos observá-la de frente e por termos uma visão clara das estrelas que a constituem, ela é uma escolha óbvia para os astrônomos  que desejam caracterizar a população completa de supernovas existentes na galáxia.

Supernovas são as explosões mortais das estrelas massivas. Esses cataclismos enviam ao espaço todos os elementos químicos produzidos pela reação nuclear dentro das estrelas progenitoras, e o enriquecimento químico já é por si só uma razão mais que suficiente para fazer das supernovas objetos de intenso estudo. Em adição a isso, as supernovas são tão brilhantes que podem ser vistas a grandes distâncias cosmológicas. Se o brilho intrínseco de uma supernova é conhecido a partir de características básicas a sua distância e a distância da sua galáxia hospedeira pode ser determinada a partir de seu brilho aparente. Com isso presume-se que nós entendemos as supernovas e suas possíveis variedades. Estudando as características de uma população inteira de supernovas em uma única galáxia, como a do Triângulo, e os remanescentes dessa explosão, os astrônomos podem testar e refinar o entendimento sobre as supernovas.

Na Via Láctea existem pelo menos cinco supernovas geradas nos últimos mil anos. Todos os seus remanescentes são hoje detectáveis como fontes de raios-X e suas diferentes propriedades refletem suas diferentes características. Por exemplo, enquanto quatro desses cinco remanescentes possuem temperaturas de gás modestas e comparáveis, a Nebulosa do Caranguejo hospeda um pulsar e uma quantidade de gás muito mais quente. Os astrônomos Terrance Gaetz, Bob Kirshner, Paul Plucinsky, e Ralph Tullmann junto com uma equipe de doze outros astrônomos, usou o Observatório de Raios-X Chandra para realizar o primeiro estudo profundo da emissão de raios-X da Galáxia do Triângulo.

Os cientistas detectaram 82 dos 137 remanescentes conhecidos de supernovas, fazendo desta pesquisa a maior amostra de remanescentes de supernovas detectados tanto por raios-X como opticamente em qualquer galáxia, incluindo a Via Láctea. Eles desenvolveram uma nova classificação morfológica para relacionar as fontes ópticas com as fontes de raios-X, relatando que eles não encontraram analogias diretas com qualquer um dos remanescentes brilhantes da Via Láctea, e concluíram que não existem correlações fortes  entre o brilho de raios-X desses remanescentes e seus brilhos em outros comprimentos de onda. Os resultados refinaram nosso entendimento básico sobre as supernovas e ajudaram a clarificar a abrangência das propriedades de raios-X que elas possuem.

Fonte:

http://www.cfa.harvard.edu/news/2010/su201018.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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